Não são as desigualdades que nos tornam especiais. Ter a mais ou ter a menos tem a ver com a percepção de cada um. O tema do que é normal ou anormal é profundamente discutido em centros acadêmicos. Uns dizem que normal é o que está presente na maioria e anormal na minoria. Outros dizem que a anormalidade está relacionada com o tempo, uma vez que o que antes era anormal hoje não mais o é. Há ainda os que definem a anormalidade sob o aspecto cultural, pois o que é reprovável ou negativo para um povo não é para o outro. Tudo não passa de perspectivas que se valem de lentes diferentes. Para os poetas, é normal ter a sensibilidade do olhar que enxerga a alma muito além das aparências. E na cegueira normal de muitas pessoas que pensam tudo ver de forma diferente está a trava do preconceito, o qual se fundamenta na visão distorcida de verdades morais.
Quero a cegueira do deficiente que não vê as diferenças preconceituosas. Quero a velhice dos vencidos pelo tempo que não torna impura a diferença de idades. Quero a compreensão ilimitada de quem não legitima as diferenças por circunscrição geográfica. Quero o daltonismo de quem não vê a diferença preconceituosa de cor. Quero a imperfeição dos imperfeitos para poder ser menos imperfeito do que sou.
Karina Simões (Psicóloga Clínica)
Fabiano Moura de Moura (Psicólogo Clínico)