Ao assistir ao filme Para sempre Alice, um dos vencedores do Oscar 2015, deparei-me com um tema de extrema relevância: as perdas!
O filme mexe com uma das mais importantes áreas femininas: a vaidade. A partir daí, percebemos a quantidade de perdas inerentes ao viver. O filme retratou uma história de uma renomada professora de linguística que descobre mais à frente ser portadora do mal de Alzheimer.
Desde a descoberta, a vida de Alice vem sendo contabilizada por inúmeras e sucessivas perdas: o domínio cognitivo, a capacidade intelectual, o poder familiar, a culpa genética pelos filhos, a perda de sua autonomia laboral, a vaidade e a autoestima, entre outras, são as perdas nesse processo.
E é assim a vida de cada mulher quando paramos para refletir, que, no nosso dia a dia, passamos por perdas diárias, por lutos não reconhecidos, muitas vezes, porque na verdade já nos diziam e nos ensinaram os psicanalistas, que ao nascermos já começamos a perder. Perdemos ao sair do ventre materno para encarar e enfrentar as adversidades mundanas. Claro que não podemos focar numa visão apenas pessimista da vida, devemos ter em mente que também temos uma sucessão de ganhos e aprendizados diários, mas também é importante a compreensão de que as perdas, desde que nascemos, serão uma constante no processo de viver. O filme evidencia que as perdas vividas dão oportunidades para que o amor se revele como fruto do que foi semeado, pela própria personagem, ao longo da sua história. A dedicação do marido no estágio avançado da doença e o cuidado da filha e da família bem revelam que maior do que a perda é o ensejo do amor.
A poetisa citada pela personagem no filme, Elizabeth Bishop, fala poeticamente sobre o perder. Ela nos diz:
"A arte de perder não é nenhum mistério; Tantas coisas contêm em si o acidente
de perdê-las, que perder não é nada sério. Perca um pouquinho a cada dia.
Aceite, austero, a chave perdida, a hora gasta bestamente..."
Enfim, vivemos diariamente um aprendizado sobre a arte de perder. E o perder a cada dia é também um grande aprendizado para quem perde, e para quem observa a perda. Pois, perder também é ganhar... Quando existe o amor!!!
Por: Karina Simões
Disponível também em minha coluna UOL/Mulher em: http://www2.uol.com.br/vyaestelar/mulher.htm