A importância do estado psicológico e equilíbrio emocional do paciente se tornou, hoje, fundamental para uma boa evolução de seu quadro clínico. Dessa forma, diversas faculdades aqui no Brasil, já começaram a treinar seus alunos e futuros médicos, com cursos e disciplinas que ajudem a como proceder diante de uma notícia de diagnóstico grave, o avanço de uma doença ou a impossibilidade de alcançar a cura.
Existe uma ferramenta que tem ajudado nas faculdades da área de saúde, chamado de protocolo SPIKES. Um protocolo simples e que tem tido sucesso em pesquisas acadêmicas, minimizando e suavizando o quadro clínico do paciente ao receber notícias ruins. O protocolo descreve seis passos de maneira didática para comunicar más notícias:
1º passo (Setting up): Preparando-se para o encontro;
2º passo (Perception): Percebendo o paciente;
3º passo (Invitation): Convidando para o diálogo;
4º passo (Knowledge): Transmitindo a informação;
5º passo (Emotions): Expressando emoções;
6º passo (Strategy and Summary): Resumindo e organizando estratégias.
Diante do momento que encontro-me vivenciando, refiro-me aqui ao estado de saúde do meu pai, comecei a estudar a esse respeito e procurar compreender como proceder nessas horas difíceis visto que poucas pessoas assumem a árdua tarefa de dar uma má notícia ao ente querido. Assim, eu compilei abaixo algumas dicas para esse momento delicado.
Como dar mensagens ruins:
1. Estar tranquilo e ter tempo disponível;
2. Oferecer a possibilidade de novos encontros para tirar as dúvidas;
3. Transmitir afeto, cuidado e companheirismo;
4. Respeitar preferências pessoais e culturais do paciente;
5. Evitar falso otimismo e excesso de desencorajamento;
6. Usar linguagem clara e simples, evitando termos técnicos;
7. Ouvir bem os pacientes e as preocupações dos familiares;
8. Dar informação de forma gradual;
9. Entender o que o paciente deseja e suporta saber naquele momento;
10. Compreender o silêncio e o calar do paciente. E se necessário, repetir quantas vezes forem necessárias as informações.
Respeitar o silêncio, num primeiro momento, é essencial, ao se adentrar o universo do paciente. Pois, o que é absorvido nesse momento, pode ser turbulento e confuso para ele. Por isso, se faz necessário repetir as informações várias vezes. É bom lembrar que, também, não é nada fácil para os médicos e a equipe de saúde, lidar com manejo de notícias ruins, apesar de vivenciarem diariamente situações afins. Muitas vezes, escuto dos próprios médicos que eles se sentem impotentes diante de certas situações. Pois, quem tem esperança vive melhor, segundo pesquisas e relatos atuais. A fé é outro elemento essencial e fundamental para o ser humano sobreviver em equilíbrio.
A psiquiatra americana Elizabeth Kubler-Ross é uma estudiosa no assunto e segundo ela existem estágios pelos quais passamos após notícias graves, que pode nos ajudar a entender a inquietação que passamos:
1º estágio: Negação
2º estágio: Raiva
3º estágio: Barganha
4º estágio: Depressão
5º estágio: Aceitação
Mas, nem sempre é assim nessa sequência que acontece. Muitas vezes, o paciente poderá ficar refém do 1º estágio (negação) até o fim. Ou até mesmo preso à sensação e estágio de raiva ou depressão. Já dizia Oliver Holmes, no séc. XIX: “Cuidado para não retirar a esperança de outro ser humano”. E eu completo sempre: Pode ser a única coisa que resta a ele.
Por: Karina Simões @Psicronicidade