Conscientemente, consigo falar sobre a morte e o morrer, com teorias que me deixam segura e previamente preparada para esta transformação evolutiva. No entanto, após passar recentemente por uma perda na família... E presenciar uma mãe ao lado do corpo de sua filha, implorando-a para levantar dali (do caixão), implorando-a para acordar.... Minhas pernas tremeram, meu coração palpitou e eu pensei: "- Ninguém está suficientemente preparado para a morte. Principlamente eu, uma mãe."
Mesmo após ter escutado todas as belas palavras do jovem e sábio Padre presente, nos acalentando sobre nossa missão terrena, e metas a cumprir nesta terra, saí daquele velório, a princípio, com uma sensação de injustiça. Injustiça pela vida de uma linda jovem, injustiça pela vida do meu primo Fabinho, agora viúvo tendo que lidar com uma dor profunda que só ele sabe o quanto dói. Injustiça com a vida.... Mas o que mais me tocou, foi a injustiça da dor de uma mãe enterrar sua filha. Meu Deus, derramei lágrimas e supliquei pra minimizar a dor daquela mãe. Uma dor irreparável. Uma dor, que ninguém jamais irá confortá-la. Jamais alguém substituirá aquele buraco afetivo que pertencia apenas a Aninha para sua mãe.
Fiquei a sexta feira inteira, refletindo como nós não estamos prontos, para lidar com o morrer e com o perder. Questionei-me sobre o que é a vida, e quem define o tempo diferenciado que temos aqui? Sai dalí, indignada, e pedindo perdão a Deus por meus questionamentos de fé. Deveríamos, nós mães, jamais enterrar nossos filhos. "- Mas Maria foi exemplo.... E viu Jesus morrer!" (Pensei).
E aí me veio a lembrança Rubem Alves e Quintana, e acalmei meu coração: "Já tive medo da morte. Hoje não tenho mais. O que sinto é uma enorme tristeza. Concordo com Mário Quintana: "Morrer, que me importa? (...) O diabo é deixar de viver." A vida é tão boa! Não quero ir embora..."
Tudo sucede igualmente a todos; o mesmo sucede ao justo e ao ímpio, ao bom e ao puro, como ao impuro; assim ao que sacrifica como ao que não sacrifica; assim ao bom como ao pecador; ao que jura como ao que teme o juramento. (Eclesiastes 9:2)
E aí compreendi: "Aquilo que o coração ama, fica eterno." (R. Alves)
Por: Karina Simões
Data: domingo, 30 de outubro de 2011