Em épocas de tantas facilidades e evoluções tecnológicas de comunicação, estranhamente, percebemos que muitas pessoas carregam as suas dores e travam uma luta interior, e com isso esvaziam as dores, muitas vezes, nas redes sociais. Isso vem se agravando, pois, pensamos erroneamente que as tecnologias iriam apenas aproximar as pessoas a fim de se criar laços mais fortes de união. Mas o que tem acontecido frequentemente, é que a tecnologia e as redes sociais têm afastado as pessoas que estariam a princípio, tão próximas. Por essa razão e outras, viver e conviver com tudo e com todos tem se tornado uma tarefa árdua, a qual precisa sim de um especialista para orientar como devemos nos conduzir nesses novos tempos.
As pessoas tem feito uso das redes sociais, por exemplo, como mecanismo de catarse, ou seja, de desabafo das raivas sentidas ou decepções e frustrações que passam com os outros. Pronto! Jogam tudo na “rede” no mundo virtual como uma forma de catarse psíquica. E parecem sentir supostamente um alívio ao postarem as mágoas, no entanto, o efeito positivo não dura tanto tempo. Logo todo sentimento não elaborado na mente da forma correta volta a consumir por dentro e corroer como pensamentos negativos obsessivos e recorrentes, trazendo consequências e prejuízos significativos aos pensamentos e aos comportamentos do indivíduo futuramente.
Por vezes, torna-se muito fácil magoar e ser magoado. O ato de perdoar é em si, acho que podemos chamar de divino, não por se conceder o perdão ao outro, mas sim por, prioritariamente, aliviar o fardo que a gente carrega no íntimo do nosso ser. Como consequência, a leveza se instala, a vida se torna mais bela e a saúde retoma o seu ponto de equilíbrio; enfim, tudo flui de forma harmoniosa. O seu coração? Ah! O seu coração bate suavemente e agradece. A energia ou sensação da emoção emanada retorna mais cedo ou mais tarde. É a lei do retorno da vida. A lei do “faça o bem que o resto vem”, e esta lei é implacável e imbatível. Portanto, o tempo urge. Pratiquemos a generosidade do ato de perdoar, relevar, minimizar as ações que hoje parecem ter um grande peso para que o amor possa florescer na sua plenitude. Pois o melhor caminho será sempre o do perdão.
Em meus atendimentos clínicos consigo observar que atualmente, encontramos muitas pessoas amarguradas e com sentimentos de rancor e raiva, fazendo com que muitas dessas pessoas adoeçam psiquicamente e fisicamente, pois assim somatizam as doenças. Saber trabalhar psiquicamente o ato de perdoar é um dos maiores sinais de maturidade e grandeza que o ser humano pode apresentar. Segundo as pesquisas, pessoas que perdoam, vivem mais e de forma mais saudável. A saúde nas esferas física, psíquica, espiritual e mental agradece, e a vida toma um novo rumo. A pessoa desperta, cresce internamente e se autoavalia de que aquilo que a machucou naquele contexto de vida, hoje já não faz mais sentido, ou não tem mais aquele “peso”. Ela não tem nada a ganhar ao carregar essa marca da ferida na lembrança dos seus vários corpos. Ao contrário, a marca do perdão suplanta tudo e faz novo o amanhecer a cada dia.
Mas finalizo com Martin Luther King que nos disse: “Aquele que é incapaz de perdoar é incapaz de amar”. Pense nisso!
Por: Karina Simões Moura de Moura
Texto disponível em minha coluna UOL:
http://vyaestelar.uol.com.br/colunistas/posts/45/karina-simoes