Afastar-se de alguém quando se ama é doloroso e uma tarefa árdua para o coração que pede mais e pede presença constante de quem se ama. Mas, muitas vezes, o afastar-se é também um ato de amor e cuidado ao outro e pelo outro. Não entendemos, a princípio, esses afastamentos, porque sofremos a dor da perda ou da falta que o outro nos faz. Mas amar é presença na ausência, é sentir o outro sem tê-lo, é ouvi-lo no silêncio da solidão e ter a certeza que você também se fez e faz presente apenas por existir. Porque quando amamos não nos tornamos passado, nos fazemos presente para sempre na vida do outro.
O caminho a ser percorrido e vivido a dois é o da compreensão. Compreender é mais que aceitar. Transcende o aceitar, chegando ao sentir a alma do outro como se fosse a sua. A compreensão não castra, não tolhe... A compreensão permite com afeto e com vontade que o outro seja quem é permanecendo a admiração apesar dos espinhos que todos possuímos intrinsicamente. Aprendendo dia a dia que a vaidade nos impõe, enquanto o amor aceita e compreende.
Toda confusão ou inquietação cognitiva passaria a ser mais fácil de lidar se cada um de nós pudesse olhar para si e para o outro com o objetivo de compreender e aceitar as vaidades, os espinhos e as diferenças de cada um. Pois é na superação de nossas infantilidades e imaturidades afetivas que crescemos verdadeiramente. Mas a superação madura e assertiva se dá através da compreensão do outro.
O recolher-se ou afastar-se pode ser uma forma de proteção, podendo, assim, fazer com que a relação venha a ressurgir, regenerar-se e, muitas vezes, se fazer uma nova história. Como nos ensinou a escritora americana Anne M. Lindbergh: “A segurança num relacionamento não está em olhar com nostalgia o passado, nem antecipar, com medo o futuro. A única segurança num relacionamento é vivê-lo no presente e aceitá-lo como está neste momento”.
Para viver uma nova história, permita-se compreender a si e ao outro, e tenha a felicidade como um caminho a ser percorrido e não um fim e uma espera da chegada.
Por: Karina Simões
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