Falar em perdas nos remete à dor. Ninguém parece estar preparado para perder ou sofrer dores muitas vezes imensuráveis. As perdas nos levam a um processo de luto interno que podem causar, em casos mais graves, um quadro depressivo.
Depressão é uma doença série e grave. Já nos anos de 1990 era referenciada como a “doença do século”, por ser um mal dos tempos modernos e de nova geração. Hoje então, já percebemos a dimensão e o comprometimento do poder devastador que uma depressão pode causar em alguém. No entanto, é importante distinguirmos a tristeza como sintoma, de um quadro depressivo. Ou seja, a primeira é um sentimento transitório e passageiro, sendo reação de ajustamento de situações, frustrações e perdas. A depressão, mesmo muitas vezes, sendo desencadeada por alguma situação adversa, o quadro de humor rebaixado insiste em permanecer acarretando consequências psicossomáticas sérias.
Cito alguns sintomas psíquicos e fisiológicos: humor rebaixado, sensação de tristeza, autodesvalorização e sentimentos de culpa; redução na capacidade de experimentar prazer, fadiga, concentração prejudicada, alteração do sono e do apetite, redução do interesse sexual, retraimento social, crises de choros e possíveis comportamentos suicidas.
O psiquiatra e psicoterapeuta Aaron T. Beck desenvolveu um modelo cognitivo da depressão, no qual postula três conceitos específicos: a) a tríade cognitiva, b) os esquemas e, c) os erros cognitivos. O primeiro fator importante da tríade cognitiva gira em torno da visão negativa que o paciente tem de si mesmo. O segundo fator consiste na tendência da pessoa deprimida a interpretar suas experiências atuais de uma forma sempre negativista. E o terceiro consiste em uma visão negativa do futuro. Assim, percebemos que um indivíduo deprimido terá uma visão de si, do outro e do mundo sempre de forma obscura e negativa. Pois, a capacidade da pessoa deprimida de racionalizar sentimentos positivos está embotada, ou seja, como se em seu cérebro só restassem sentimentos direcionados à tristeza, à apatia e à infelicidade.
Aliviar a dor emocional e outros sintomas vinculados à sensação de luto e perda à depressão é uma das metas do tratamento por terapia cognitiva, focalizando, dessa forma, nas interpretações errôneas, atitudes e pensamentos disfuncionais do paciente. Pois, a maioria desses pacientes deprimidos é atraída a fazer apenas generalizações negativas exageradas.
Compreender que o mundo se torna cinza para a pessoa deprimida e fazer um movimento de acolhimento é fundamental para o paciente sentir-se seguro a seguir adiante numa busca por um tratamento adequado.
Por: Karina Simões
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