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Vive apressado?

A ansiedade sempre esteve presente na história da humanidade. Mas, somente há pouco tempo, ela vem sendo percebida, cada vez mais, através de seus efeitos psicossomáticos e negativos que acarretam em todos nós. Meu consultório que o diga, com a alta demanda, de pessoas acarretadas com a pressa para tratar a ansiedade.
Mas, antes de falarmos da ansiedade patológica, é importante ressaltar e considerar a ansiedade normal como uma ferramenta necessária à nossa sobrevivência, ou seja, ela nos faz termos a capacidade de adaptação, de luta e fuga. Ela é um sinal de alerta que nos adverte sobre supostas necessidades. Nessa perspectiva, ressalta-se a importância de trabalharmos essa ansiedade de forma correta e equilibrada, para que assim, sejamos favorecidos por ela no dia a dia. É pela via do processo de psicoterapia que se encontra esse equilíbrio desejado. Aprendendo novas formas de visualizar a vida, com foco na psicologia positiva, por exemplo, e modificando padrões comportamentais disfuncionais, ou seja, que não são úteis para nosso bem-estar em saúde mental. Ansiedade: sintomas
- Sintomas físicos: tremores, tensão muscular, fadiga, palpitações, sudorese, tonturas, náuseas, boca seca, diarreia, calafrios etc
- Sintomas emocionais: sensação de fraqueza, inquietação, falta de ar, ar curto, impaciência, concentração e memória ruins, dificuldade com o sono, irritação, emotividade excessiva etc. Na Psiquiatra e na Psicologia, os quadros ansiosos mais graves podem estar presente em vários transtornos, tais como: Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT), Transtorno de Pânico (TP), Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC), Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG), entre outros vistos nos consultórios hoje em dia. Um dos aspectos que tem servido como fator desencadeante ou maléfico da ansiedade é a pressa. Hoje em dia todos estão atrasados. A correria do dia a dia e as exigências múltiplas aceleram o ritmo e o funcionamento também internamente das pessoas. Perdeu-se a capacidade de se demorar, saborear ou viver o “agora”. 
Quando se chega ou se conquista alguma coisa, parece que isso perde o objetivo ou o sentido. E logo, deseja-se outra coisa... e outra coisa e assim vai. Nesse “frenesi” o funcionamento psíquico também adapta-se a esse modelo onde o tempo é sempre curto ou apertado para se fazer e viver o que se pretende. Se eu pudesse dar um único conselho ou sugestão a cada pessoa (leitor), eu diria que procurasse diminuir a velocidade com o que tem se permitido viver, e assim descobrir-se, que não é correndo, mas contemplando em cada segundo a eternidade possível. Assim como diz o ditado: “a pressa é inimiga da perfeição”. Que possamos viver a busca por esse equilíbrio.

Por: Karina Simões Moura de Moura
Instagram: @karinamourademoura

TEXTO DISPONÍVEL TAMBÉM EM MINHA COLUNA UOL

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Muitos conflitos na comunicação com o seu par? Terapia de casal pode ajudar

Na minha prática clínica, há quase duas décadas atendendo casais, consigo perceber pela demanda que me procura para ajuda, o quanto a comunicação é fundamental para se ter um bom relacionamento. É como se escuta por ai: “eu sou responsável pelo que eu falo e não pelo o que você escuta”.
Nos casamentos, essa premissa fica bastante hiperbolizada, pois os casais entram em conflitos, chegando a deixar essa convivência (ou relacionamentos) numa “UTI” conjugal. Expressão que costumo usar pra explicar a gravidade que uma relação pode chegar a se encontrar.

Assim, devido à má comunicação, muitos casais nos recorrem para fazer acompanhamento em Terapia de Casal. Nestes casos, ajudamos a promover o que funciona bem nesse casal, a desenvolver novas perspectivas da relação reforçando sempre o que tem de positivo, interrompemos os padrões de comportamento que não mais funcionam e treinamos novos comportamentos mais adaptativos, facilitando assim, a comunicação e a expressão desses sentimentos.

A generalização é uma forma de expressar-se bastante usada nos casais em crises crônicas. Ou seja, a pessoa se expressa sempre dando um tom que agride o outro e impede a compreensão na cumplicidade. Como o termo mesmo diz, generaliza a situação. Por exemplo: “você sempre me critica” ou “você estraga tudo que faz”. São formas de falar bastantes generalistas que impedem um grau de compromisso e compreensão na conjugalidade.

Assim, encorajamos uma mudança de atitude conjugal diante de um treino de habilidades sociais e ensinamos comportamentos e falas aos casais dentro da realidade de vida de cada um. Não há uma fórmula pronta, e o que pode servir pra um casal, pode não servir para outro. Reforçando o treino sempre com foco na psicologia positiva.
Fazer as pessoas enxergarem que a busca de um caminho conjugal feliz não está no “ter razão”, e sim numa corresponsabilidade conjugal diante dos sentimentos. Costumo dizer que no “grito ninguém se ouve... e  a conjugalidade não acontece”.

Assim, esperamos que as pessoas possam cada vez mais ter acesso à psicoterapia de casal, que essa seja uma alternativa salutar e preventiva, para que a conjugalidade exista de verdade no coração das pessoas.

Por: Karina Simões Moura de Moura
Instagram: @karinamourademoura

Texto disponível também em minha coluna UOL.

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Ataques de pânico e Transtorno do Pânico: semelhanças e diferenças 

Vivemos numa sociedade alimentada por estímulos ansiogênicos, 24 horas por dia, num mundo repleto de violência e marginalizações. Numa sociedade líquida, como nos falou o grande sociólogo Zygmunt Bauman, onde se estabelece uma vivência de relações descartáveis, o medo acomete-nos invadindo em forma de insegurança, na verdade, chegando sem pedir licença e se instala.
 
Tem sido frequente escutarmos de pessoas que relatam terem sentido ataques de pânico. Na clínica, o número de pacientes só cresce, e a procura de ajuda diante de sintomas como o medo de morrer, taquicardia, insegurança e medo de perder o controle, por exemplo, tem aumentado cada dia mais. O depoimento do Padre Fábio de Melo que revelou ter o transtorno de pânico, de certa forma, ajudou a desmistificar um pouco o assunto, bem como muitas pessoas se sentiram mais confortáveis para poderem assumir o que também sentem, e, por motivos muitas vezes de preconceito, não revelavam.
 
Diante da enorme demanda na nossa clínica de pacientes à procura de tratamento com o diagnóstico de transtorno de pânico, percebi a necessidade e importância de esclarecer aqui um pouco a diferença entre “ataques de pânico” e o “transtorno de pânico”, assim como estabelecer a diferença do medo e da insegurança que vivemos hoje em relação ao pânico como um transtorno. Pois o medo é uma resposta nossa emocional a uma ameaça iminente real ou percebida, enquanto que a ansiedade é uma antecipação da ameaça futura.
 
Os transtornos de ansiedade de acordo com o DSM-V (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais) se diferenciam do medo ou da ansiedade normal adaptativa por serem excessivos ou persistirem além de períodos apropriados ao nível de desenvolvimento. Muitos dos transtornos de ansiedade se desenvolvem na infância e tendem a persistir se não forem tratados.
 
Um ataque de pânico é um surto abrupto de medo ou desconforto intenso que pode alcançar um pico em minutos e segue com uma lista de sintomas físicos e cognitivos, tais como: palpitação, taquicardia, tremores, sudorese, sensação de falta de ar, náusea, medo de perder o controle, medo de morrer, dor ou desconforto torácico, desconforto abdominal, tontura, vertigem ou desmaio, calafrios ou ondas de calor, sensação de formigamento, sensação de desrealização (sensação de irrealidade), sensação de despersonalização (uma sensação de estar distante de si mesmo), etc.
 
O transtorno de pânico refere-se a ataques repetidos de pânico inesperados e recorrentes. A frequência e a gravidade desses ataques variam de forma considerável de paciente para paciente. É necessário mais de um ataque de pânico completo inesperado para que o diagnóstico do transtorno seja consolidado de acordo com o DSM-V. Existem consequências funcionais significativas para os pacientes com transtorno de pânico, pois tais pacientes apresentam níveis altos de incapacidade social, profissional e física. Eles podem com frequência se ausentar do trabalho ou escola.

Assim, viver nessa selva tornou-se um grande desafio. Tudo pode acontecer, literalmente, num clique.  Num mundo de insegurança o alerta está sempre ligado e não é sem razão que ataques de pânico sejam ocorrentes, afinal o perigo está a nossa frente ou, melhor dizendo, está dentro da gente. 


Texto disponível também em minha coluna UOL: http://vyaestelar.uol.com.br/post/10285/sera-que-tive-um-ataque-de-panico-ou-um-transtorno-de-panico

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Transgêneros ou Disforia de Gênero: uma realidade que merece respeito

Um tema que tem despertado as mais diversas opiniões é a questão dos transgêneros. Uma telenovela tem mostrado o drama de uma família que vive tal situação. Muitos usaram as redes sociais para "brincar"  com o fato. Vi postagens como: "sou trans-rico: nasci rico num corpo de pobre". Por favor, isto é sério. Não vamos brincar com a dor do outro. 
Na clínica, deparamo-nos e conhecemos situações difíceis, que somente quem escuta pode avaliar o tamanho do sofrimento pelo qual uma pessoa transpassa. 
São pessoas que  vivem grandes conflitos, inclusive no seio familiar, enfrentando barreiras existentes em si, bem como outras muito maiores na sociedade e na família. Não é nada fácil. Não cabe um juízo de valor sobre o assunto. Não há escolhas. Não há culpados. Não há julgamento a ser feito. Há uma verdade que no mínimo merece o respeito, bastando apenas ler os estudos científicos sobre o assunto. Ninguém gostaria de viver uma situação como essa que já é difícil e, notadamente, quando é agravada pela discriminação. 
Repito: não se trata de aprovar ou não aprovar a realidade do transgênero. Não estamos falando em alternativas, de acordo com a verdade científica. Aliás, o próprio Manual Diagnóstico e Estatístico de Doenças Mentais (DSM- V) registra como Disforia de gênero, que se refere ao descontentamento afetivo/cognitivo de um indivíduo com o gênero designado. Transgênero refere-se ao amplo espectro de indivíduos que, de forma transitória ou persistente, se identificam com um gênero diferente daquele do nascimento. Transexual indica um indivíduo que busca ou que passa por uma transição social de masculino para feminino ou de feminino para masculino, o que, em muitos casos (mas não em todos), envolve também uma transição somática por tratamento hormonal e cirurgia genital (cirurgia de redesignação sexual).
Estamos, portanto, falando de uma verdade que vai muito além de uma possibilidade em ser ou não ser "transgênero". Pois não se trata de uma escolha, como a comunidade científica nos atesta! 
Aos "trans-ricos" que brincaram com essa dor nas redes sociais, fica o meu respeitoso apelo para não brincarem com o que é muito sério. 
Talvez isso baste para sermos mais ricos ou menos pobres de alma. Acima de tudo, respeito pelo outro! 

Texto disponível também em minha coluna UOL: http://vyaestelar.uol.com.br/colunistas/posts/45/karina-simoes

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Nos acostumamos à violência?

Vivemos num tempo de insegurança e isto aumenta e alimenta a nossa "neurose" quanto à possibilidade de revivermos situações que deixaram marcas profundas.

O medo ganha espaço entre nós. Lá fora, leem-se e veem-se cenas de violência a cada esquina, aproximando a possibilidade de uma reedição de um trauma em pensamentos disfuncionais que geram a ansiedade e o comprometimento à saúde.  Paradoxalmente, certas violências ganham tons de normalidade.

Lembro de vários atendimentos a pacientes depois de terem sido assaltados e terem perdido seus pertences. Hoje, no entanto, sabemos de pessoas, todos os dias, que contam "tranquilamente" as vezes que foram assaltadas. Será que nos acostumamos à violência? Será que já não gera um dano psicológico às pessoas?

Bem, se por um lado torna real a hipótese de violência; por outro lado, tem sido comum quase todas as pessoas passarem por essa experiência de assalto e, para alguns, isso já não gera comprometimentos psicológicos maiores. Para outros, no entanto, essa vivência de violência pode sim acarretar sintomas significativos de possíveis prejuízos psíquicos graves.

Na clínica, o exercício da ressignificação do evento traumático por técnicas de revivência de experiências e técnicas da terapia cognitiva comportamental permite a nova organização do paciente. Pois, como mencionei acima, paradoxalmente, estamos nos deparando com pessoas que se acostumaram com a violência. Mas temos também muitos que chegam à clínica e se encontram, muitas vezes, num estado emocional bastante comprometido. Alguns já chegam com sintomas de TEPT (Transtorno de Estresse Pós-Traumático) instalado.

A instabilidade que vivemos hoje, bem como todo um contexto de insegurança, aguça o gatilho do Transtorno de Estresse Pós-Traumático ser instalado e desenvolver-se.

Reações emocionais como medo e revivência do trauma, estados de humor anedônicos ou disfóricos e cognições negativas, lembranças intrusivas e angustiantes são frequentes em pessoas com TEPT, assim como sintomas somáticos de taquicardia, pesadelos, crises de ansiedade, medo excessivo, etc.

Neste mundo, estamos sendo  levados a tornar comum o que um dia fora causa de adoecimento. Ouvimos: "Isto é um assalto. Passe-me o celular". Tranquilamente a vítima o entrega e segue seu caminho. Por vivenciarmos tanta insegurança e ocorrência já nos acostumamos a viver no caos e não mais adoecer. Esse fenômeno do não adoecimento diante do trauma tem chamado minha atenção na prática clínica, pois o TEPT ainda existe sim, e muito! Porém tenho centrado a atenção na versão paradoxal, em que faço um questionamento: estamos a nos acostumar com tanta violência? Em parte sim. E parece que "é o que temos pra hoje", como me dizem os jovens a quem eu atendo.


Por: Karina Simões Moura de Moura
Instagram: @karinamourademoura

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