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Qual é o seu porquê na vida?

E entramos no avião: “- Portas em automático”. O voo vai começar! E aqui de cima parece que paramos o tempo. E ao mesmo tempo geramos uma ansiedade de que esse “relógio cronológico” passe “voando” para que cheguemos logo ao nosso destino que será: Disney World, o mundo mágico da criatividade! Nossa vida é cheia de grandes improvisos, e quem não tiver criatividade emocional para viver, parece-me que vai lidar com mais dificuldades nas relações interpessoais na vida lá embaixo. Refiro-me “lá embaixo”, pois escrevo daqui de cima, no avião. Porque viver é saber se relacionar com as pessoas. 
Mas, enfim, o voo começou e deparo-me com o filme Collateral Beauty, ou seja, traduzido para o português: “Beleza Oculta”, para encarar aquelas oito longas horas de voo. 
Vamos, então, ao filme! Ele nos ensina que qualquer um de nós se depara com os imprevistos da vida, seja um atraso no trabalho, um acidente de carro, um viagem cancelada, um divórcio, uma notícia de doença, separação amorosa, ou até mesmo a morte. Revela-nos que o universo está sempre presente nos conectando e nos descortinando respostas que essas três abstrações do mundo - o amor, o tempo e a morte - estarão inesperadamente batendo à nossa porta e, assim, nos reconectando para nos mostrar e ensinar que a tragédia das notícias ou dos “imprevistos” está no tamanho do bloqueio que damos a elas. Ou seja, nosso amor, nossa dor, nossa raiva ou nosso medo estão intrinsecamente ligados ao que pensamos sobre eles. O amor, o tempo e a morte conectam os serem humanos aqui na Terra. Por isso, a importância da criatividade para a vida! Quanto mais diversidade dermos aos nossos pensamentos, mais conexões cerebrais faremos e assim mais reações nossa mente criativa viverá. Pois nós ansiamos por amor, desejamos ter mais tempo e tememos a morte! Finalizo, portanto, refletindo sobre uma frase do filme que dá sentido ao porquê da vida: “Mude de atitude. Comece a viver!”
Pense sobre isso! 

✅ Por: Karina Simões Moura de Moura
Instagram: @karinamourademoura

Texto disponível também em minha coluna UOL:.

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O amor e suas palavras

Todo relacionamento deveria ter como base o amor, e é maravilhoso tê-lo e senti-lo numa relação. Porém esse sentimento não é o suficiente num relacionamento. É como se ele fosse o técnico de um jogo, mas não põe o time para jogar sozinho. Por quê? Porque o amor requer outros parceiros na relação para que o time entre em campo e saiba jogar de uma forma em que ambos ganhem. Assim, costumo dizer muito aos casais na clínica, que um casamento é mais que um jogo, e sim uma parceria a dois. Se não conseguirmos enxergar o outro ao lado como parceiro, mas sim como adversário, uma relação de disputa estará sempre estabelecida. E o que mais ensino aos casais é que a disputa entre eles é o começo do fim. Assim, não basta amar; é necessário falar sobre o ato de amar com o outro.

O silêncio da indiferença a dois é muito pior que uma briga. Engana-se quem pensa que as “DRs” (discutir a relação) servem para resolver problemas. Porque discutir problemas serve para reuniões, jogos, disputas, estratégias empresariais, etc. O que devemos aprender a executar a dois é criar um sentimento de ligação, estabelecer um vínculo afetivo para se sentir ouvido pelo outro, sentir-se amado, pedir garantias, desfazer fantasias e crenças disfuncionais.

Muitos casais se perdem com o tempo pela dificuldade em lidar com as diferenças estereotipadas entre o amor e a paixão. Sêneca, filósofo romano da escola dos estoicos, nos ensinou que devemos aprender a misturar e alternar a solidão e o encontro. A solidão nos dá o desejo do convívio social, e o encontro, o desejo de nós mesmos. Um completa a falta do outro, percebe? É assim com o amor e a paixão. O amor é uma intersecção, e a paixão constitui-se uma fusão. Ambos necessários.

Ter cuidado com as palavras no relacionamento é um passo fundamental para a longevidade afetiva saudável do casal. Pois da mesma forma que palavras afetivas constroem alicerces, algumas palavras mal colocadas e disfuncionais podem aumentar o muro da distância entre os casais quando usadas como armas de ataques com o objetivo, muitas vezes, gratuito, de apenas ferir.

Assim, lembre-se que o amor no relacionamento estará sempre ligado a três: ele (ela), o outro e a palavra. Um trio que deverá sempre ser cuidado para que não vire uma arma fatal na relação. Pois, em mais de 15 anos atendendo a casais, posso afirmar que a primeira arma utilizada no casamento quando começa a desandar, são as palavras mal usadas, que ferem, machucam, deixam marcas, muitas vezes, irrecuperáveis. Há magia nas palavras, como disse certa vez em “O Lutador” de Carlos Drummond de Andrade: “Lutar com palavras é a luta mais vã. Entanto lutamos mal rompe a manhã. São muitas, eu pouco.”

Não é quando o amor acaba que uma relação chega ao fim... Mas quando acabam as palavras entre eles! No entanto, nem todo silêncio significa falta de palavras, muitas vezes, o silêncio também é a resposta da sabedoria.
Por: Karina Simões Moura de Moura
@karinamourademoura

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Qual a diferença que se pode considerar?

Não são as desigualdades que nos tornam especiais. Ter a mais ou ter a menos tem a ver com a percepção de cada um. O tema do que é normal ou anormal é profundamente discutido em centros acadêmicos. Uns dizem que normal é o que está presente na maioria e anormal na minoria. Outros dizem que a anormalidade está relacionada com o tempo, uma vez que o que antes era anormal hoje não mais o é. Há ainda os que definem a anormalidade sob o aspecto cultural, pois o que é reprovável ou negativo para um povo não é para o outro. Tudo não passa de perspectivas que se valem de lentes diferentes. Para os poetas, é normal ter a sensibilidade do olhar que enxerga a alma muito além das aparências. E na cegueira normal de muitas pessoas que pensam tudo ver de forma diferente está a trava do preconceito, o qual se fundamenta na visão distorcida de verdades morais.

Quero a cegueira do deficiente que não vê as diferenças preconceituosas. Quero a velhice dos vencidos pelo tempo que não torna impura a diferença de idades. Quero a compreensão ilimitada de quem não legitima as diferenças por circunscrição geográfica. Quero o daltonismo de quem não vê a diferença preconceituosa de cor. Quero a imperfeição dos imperfeitos para poder ser menos imperfeito do que sou.

Karina Simões (Psicóloga Clínica)
Fabiano Moura de Moura (Psicólogo Clínico)

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Microcefalia: pequeno cérebro... nenhum coração?

Culturalmente tem se falado que a figura do macho se vincula à proteção e segurança de sua prole, enquanto a figura da fêmea volta-se ao cuidado, notadamente, da espécie humana. A teoria evolucionista já fabricou inúmeros trabalhos nesse sentido. A antropologia faz uma análise dos papéis do homem e da mulher no tempo e, por seu turno, a psicologia contribui com sua leitura para a compreensão dos comportamentos humanos.

Existem estudos que pretendem uma maior compreensão sobre o término das relações conjugais diante do nascimento de um filho com deficiência. Parece ser inegável que o nível de estresse dos cuidadores sofre alteração conforme a ocorrência de uma situação de deficiência. Tornou-se visível que em situações de dificuldades o homem tende a esquivar-se da relação, diferentemente da mulher que tende a dar continuidade à conjugalidade. Lembra o filósofo Luiz Felipe Pondé, em recente comentário na TV Cultura, que em situação de prisão, por exemplo, as mulheres continuam a visitar seus companheiros fazendo filas de espera, e tal prática não acontece quando a mulher é a prisioneira e o companheiro não a visita, abandonando-a muitas vezes. Ou seja, Pondé nos lembra de que historicamente o gênero masculino teria uma dificuldade maior do que a mulher em lidar com a adversidade. Outros estudos evidenciam o abandono do lar pelo varão em situações de dificuldades, especificamente em caso de deficiência. Como se vê, a regra do abandono do lar por parte do homem que tem um filho deficiente parece estar se confirmando também com a microcefalia, de acordo com a reportagem recentemente exibida na TV mencionada. O que nos leva ao questionamento: por quê?

A dinâmica de um casal que tem um deficiente sofre profunda modificação. Os hábitos, os comportamentos e práticas passam a ter novos repertórios. A deficiência de um ente querido revela-nos certa fragilidade pela incapacidade resultante da própria limitação decorrente da anomalia. Embora necessite de maior estudo, levanto algumas hipóteses para uma compreensão do fenômeno: seria a exposição dessa fragilidade que leva o homem a abandonar o lar ou as privações de convívio social que tornam insuportável para o homem a sua permanência em seu casamento? Será que os homens sentem-se ameaçados ou trocados por sua esposa que dispensará mais tempo e dedicação ao seu filho? Sabe-se que o cuidar é papel presente no imaginário masculino diante de uma realidade cultural e, no dizer psicanalítico, uma busca de todo homem para o reencontro com sua mãe, teoricamente, cuidadora por excelência.

Em recentes pesquisas, aventou-se a possibilidade do contágio e contaminação do vírus da zica pelo sangue e saliva. Seria esta, também, uma hipótese para fundamentar o abandono masculino do lar, ou seja, estaria o homem com medo de sofrer algum prejuízo mental com a convivência com a mulher diante das poucas ou quase nenhuma informação sobre a matéria?

A discussão e o debate merecem maior atenção para que este fenômeno social possa ter seus danos minimizados. Com efeito, haverá grande sofrimento diante do que se escreve acerca do abandono no inconsciente das partes envolvidas. Para o deficiente, é muito grande a responsabilidade de sentir-se causador da separação. Para a genitora, além do desafio de criar sozinha seu filho, há o sentimento de impotência e culpa de não ser capaz de atender aos desejos de seu companheiro. Para o homem, a negação de seu dever “moral” e até social de não ter se responsabilizado pelo melhor desenvolvimento de seu filho deficiente e a falta de cumplicidade com sua companheira, a quem deixa todo o dever e compromisso com a atenção ao filho em comum.

A epidemia de microcefalia traz mais este fenômeno para o nosso meio. Mantendo-se esta estatística já validada em outros casos de deficiência, haveremos de ter um novo desafio: como evitar a ocorrência dessas separações ou como minimizar seus efeitos? Não seria o caso de se pensar em assistência psicológica gratuita na rede pública de saúde para todas as famílias em que há o registro de microcefalia decorrente do vírus da zica, e até de outros tipos de deficiências, independente de mosquitos em nossas vidas? Como garantir condições diferenciadas de assistência à mãe de deficientes, inclusive com relação à pensão alimentícia, para que uma melhor estrutura favoreça melhores condições de vida ao deficiente e à sua genitora que sozinha criará seu filho?

Ficam aqui os questionamentos como provocação ao debate. De minha parte, fica o estarrecimento diante do que um mosquito tem causado na vida de tantas pessoas mundialmente. Onde chegamos: agora, um mosquito além de definir o tamanho do cérebro, também estabelece a dimensão de um “coração”. Pelo que se vê o mosquito fez com que muita gente deixe de pensar e, o pior, deixe de amar.

Por: Karina Simões

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Texto Disponível em minha coluna UOL/mulher: http://www2.uol.com.br/vyaestelar/mulher.htm

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Gravidez em tempo de vírus da zica

Não bastassem as incertezas de toda grávida quanto à saúde de seus bebês, que são comuns, a "epidemia" de microcefalia tem transformado a vida de milhares de mulheres numa angústia que parece só ter fim ao terem os filhos nascidos aos seus braços.
A ocorrência de inúmeros casos de má formação fetal transformou a vida de milhares de pessoas e de famílias. Tudo mudou. Desde a forma de se vestir, ao uso de produtos químicos, tipo de repelentes ao inseto, passando pela privação e evitação de frequentar determinados lugares públicos. Houve profunda modificação nos hábitos e comportamentos das gestantes. No consultório, tenho atendido a grávidas em estados de angústia elevada retroalimentados pelos desencontros de informações científicas e ainda a falta de conhecimento total diante do mal que bate à porta: o mosquito! O efeito psicológico disso tudo para essas mulheres e para os nascituros somente o tempo dirá. De fato, a situação de gravidez gera um sofrimento psíquico a qualquer gestante diante da real possibilidade de ser infectada pelo vírus da zica. Penso que quase a unanimidade das atuais gestantes no Brasil está atormentada pelo receio de serem infectadas. Este fato, por si só, é relevante e precisa de especial atenção das autoridades brasileiras e profissionais da saúde como um todo, uma vez que pesquisas científicas atestam que o estado psíquico da mãe gera direta interferência no feto. Cada vez mais são alarmantes os danos causados por um mosquito que veio para tirar o sossego dos brasileiros e modificar a dinâmica rotineira familiar.
Diante deste fato que aqui chamo atenção, sugiro que o sistema de saúde brasileiro possibilite a assistência psicológica por meios de atendimentos individuais e até mesmo de grupo a essas mães como forma de amenizar seus sofrimentos e evitar maiores danos aos seus bebês.
Num país onde tudo se tolera, estamos literalmente engasgados com um mosquito!

Por: Karina Simões

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