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Solidão: incontestável medo humano

A solidão é um dos grandes medos do ser humano.  Passamos a vida buscando abraços e presenças. O custo disto, por vezes, não é pequeno, pois pede esforço, tolerância e até sacrifícios inimagináveis. Mas por que tememos tanto a solidão se um dia faremos uma experiência de nos sentirmos desacompanhados? 
 
A autossuficiência não é um caminho que responde a um prazer maior. E igualmente sofremos com o exercício de nos bastarmos. Afinal, qual é o modelo mais acertado: ser autossuficiente e não sofrer com a ausência de companhias ou ser dependente de presenças alheias? 
 
Viveremos sempre uma inconstância e, ao que parece, é preciso aprender a viver com as insatisfações também. Nunca se encontrará um jeito perfeito,  porque somos “seres desejantes”. Por isso mesmo, vivemos a inconformação por não termos e tendo, não mais queremos ter. 
 
A solidão nos coloca de frente às nossas verdades pessoais, fazendo-nos deparar com um espelho e enxergar-nos. Sem o barulho do outro, ou as imagens do defeito do outro que esconde os nossos próprios defeitos, ficamos a contemplar as nossas imperfeições. 
 
Sempre ouvimos alguém dizer que para estar preparado para um relacionamento é preciso, antes de qualquer coisa, “se bastar”. Neste sentido, a pessoa amada seria apenas um complemento, algo acessório. Contudo este conceito não se encaixa bem em tantos que vivem uma verdade de amor onde afirmam que a cor e o sentido da vida estão na convivência de cumplicidade com o outro. Assim, o outro não é apenas uma parte acessória, mas um todo que preenche e dá nova forma aquele que ama. 
 
Ainda bem que o amor e as verdades humanas não se preocupam com o absolutismo de conceitos. A solidão ou o medo dela serão estações presentes na vida de todos nós. Ora seremos outono, ora seremos primavera. E aprender a conviver nessas estações é o grande mistério da vida. E finalizo lembrando de J. Lacan (1901 - 1981): “Amar é dar o que não se tem a alguém que não o quer”. 

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Texto disponível também em minha coluna UOL: 
http://vyaestelar.uol.com.br/colunistas/posts/45/karina-simoes

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Procrastinar é um problema de saúde comportamental?

A pesquisadora Rachel Kerbaury nos fala que procrastinar é o comportamento de se adiar tarefas, de se transferir atividades para "outro dia" que não o atual; deixar de fazer algo ou - ainda - interromper o que deveria ser concluído dentro de um prazo determinado. Esse é um tema bem comum, na verdade, dentro e fora dos consultórios de psicologia. Sempre nos deparamos com pessoas que se mostram com comportamentos desadaptativos e com dificuldade em cumprir as suas tarefas, compromissos e responsabilidades. Mas explico melhor nas linhas a seguir que o que importa mesmo é a forma como a pessoa encara essas reações de procrastinação. Pois, esse comportamento implicará uma ansiedade, assim como também uma angústia.

Muitos estudos comportamentais questionam a gênese da procrastinação. Sempre se escuta dizer que o brasileiro deixa tudo para última hora. Por que será?

O fato é que o adiamento do que precisa ser resolvido pode gerar grande desconforto pela preservação de uma angústia com a não solução do “problema”. Numa decisão deste tipo o que pesa é o imediatismo, ou seja, o prazer momentâneo em detrimento de uma situação desconfortável que precisa ser resolvida. O equilíbrio é fundamental. De uma forma ou de outra, podem surgir dois sentimentos que causam sofrimento: angústia e ansiedade. As pessoas afeitas à procrastinação fazem a opção inconsciente do cultivo da angústia, uma vez que é desconfortável saber que ainda tem que resolver algo difícil. De outro lado, estão aquelas pessoas que não sabem ter o equilíbrio para deixar de resolver as suas questões naquela hora. Estas pessoas são profundamente ansiosas.

Ansiedade, sensação de culpa, perda de produtividade e, muitas vezes, vergonha em relação e em comparação aos outros por não cumprir o que foi proposto, são as sensações que uma pessoa que procrastina sente e sofre com o quadro. Pois, embora possa parecer um cenário normal e frequente, pode tornar-se um grave problema impedindo o funcionamento normal do indivíduo afetando áreas significativas da vida.

Ter a habilidade e saúde psíquica para agir no tempo certo sem que isso provoque uma elevação de angústia ou de ansiedade é o mais importante para todas as pessoas. Vejo crescente entre nós a prática do coach que estabelece metas e define programas para atingi-las e, sendo ele bem feito, nunca deve esquecer-se da verdade emocional de cada um. Por outras palavras, não basta definir metas e prazos a serem alcançados, pois tudo tem uma verdade subjetiva e a forma como se alcança determinado objetivo é mais importante do que o tempo levado para conquistá-lo.

O adiamento ou o imediatismo trazem repercussões diferentes em cada pessoa. Numa visão rápida, porém psicológica, percebo que as mulheres, de maneira geral, salvo exceções, têm a habilidade de melhor se portarem frente a alguns desafios do dia a dia. Parece-me que a serenidade feminina é uma característica bem marcante, talvez por isso que popularmente se fale que a mulher é o equilíbrio do lar; aliás, escritos religiosos como a Bíblia consignam tal afirmação. Contudo, os tempos modernos, que têm modificado profundamente os papéis sociais, mostram uma elevação de angústia e ansiedade na mulher. Mas isso nos daria um novo artigo sobre o assunto.

Finalizando afirmo que fazer agora ou fazer depois é decisão que deve ser tomada a partir da medição dos níveis de angústia e ansiedade havida com a opção a ser escolhida. Por outras palavras, a sabedoria está em não se permitir um sofrimento que pode ser evitado na hipótese do fazer agora ou fazer depois.

Tudo tem seu tempo. E nenhum contratempo pode ser maior que a possibilidade de melhor viver.

Por: Karina Simões

Texto disponível em minha coluna: http://www2.uol.com.br/vyaestelar/mulher.htm

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Não é um mero detalhe!

Na precisão de um risco com um lápis, a mulher contorna os olhos e define a sua boca. Muito além do que parece insignificante, o jeito de cuidar dos detalhes fala bem mais que a superficialidade. Fala do estado de alma, da boa vaidade de ser mais bonita para si e para os outros. Quem diria que um cuidado a mais fosse capaz de revelar bem mais que exterioridades. É possível perceber que, além de uma verdade externa, um detalhe revela traços de uma alma, principalmente, os da alma feminina. As mulheres compreendem bem o que digo. Quando estamos de bem com a vida, caprichamos no toque feminino que deixa marcas por onde passamos.

Preocupamo-nos em embelezar ou tornar mais bonitos os ambientes e lugares em que exercemos o nosso reinado, como nossas casas e os nossos diletos espaços. Um jarro que se muda de lugar, uma nova foto no porta-retrato, uma cadeira para cá ou uma mesa de canto para lá. Tudo é movimento; portanto, é reflexo de uma alma que vibra e sente-se viva com as mudanças de detalhes. O importante é a noção da necessidade de mudança nos pequenos detalhes do dia a dia.
As mulheres são, por excelência, detalhistas e sabem que na fineza de ações há um tesouro a torná-las grandes.

Uma simples carícia, discreta, nas mãos de quem ama, faz chegar ao coração da pessoa amada a força estrondosa de seu sentimento. É comum ver casais, mesmo em tom de brincadeiras, fazer gozação que diminui o seu companheiro ou companheira, e neste detalhe se revela um desencontro ou insatisfação no relacionamento. No detalhe do que parece jocoso, por vezes, se esconde o propósito de revidar o que outrora foi guardado como dor em seu coração.

Na clínica, frequentemente, recebo muitos casais que apresentam queixas a esse respeito e, por conseguinte, descrevo agora sobre o tema em questão.

Detalhes não são insignificantes. Pense que em dois ou três segundos a mais, num flerte, a mulher se vê reconhecida em sua beleza pela pessoa amada; ou em um elogio de poucas palavras, como: "você tá linda" ou "eu te amo". Assim, a mulher vira rainha de seu próprio mundo e realidade.

Cuidemos dos detalhes e passemos a julgá-los grandes, porque toda diferença do que é comum habita neles. Tomemos consciência de que o coração mede com réguas próprias e tudo tem peso, forma e significado exclusivos.

O amor é tecido do mais casual detalhe e é exatamente ali que se reproduz o afeto. Ah, quer saber? O maior de todos os detalhes atende pelo nome de gentileza. Simples assim! Um mero, ou melhor, um grande detalhe.
Porque é no detalhe que se encontra o essencial!!!

Feliz dia Internacional da Mulher!!!


Por: Karina Simões
Instagram: @karisimoes

Texto disponível em minha coluna : http://www2.uol.com.br/vyaestelar/mulher.htm

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A arte de perder

Ao assistir ao filme Para sempre Alice, um dos vencedores do Oscar 2015, deparei-me com um tema de extrema relevância: as perdas!

O filme mexe com uma das mais importantes áreas femininas: a vaidade. A partir daí, percebemos a quantidade de perdas inerentes ao viver. O filme retratou uma história de uma renomada professora de linguística que descobre mais à frente ser portadora do mal de Alzheimer.
Desde a descoberta, a vida de Alice vem sendo contabilizada por inúmeras e sucessivas perdas: o domínio cognitivo, a capacidade intelectual, o poder familiar, a culpa genética pelos filhos, a perda de sua autonomia laboral, a vaidade e a autoestima, entre outras, são as perdas nesse processo.
E é assim a vida de cada mulher quando paramos para refletir, que, no nosso dia a dia, passamos por perdas diárias, por lutos não reconhecidos, muitas vezes, porque na verdade já nos diziam e nos ensinaram os psicanalistas, que ao nascermos já começamos a perder. Perdemos ao sair do ventre materno para encarar e enfrentar as adversidades mundanas. Claro que não podemos focar numa visão apenas pessimista da vida, devemos ter em mente que também temos uma sucessão de ganhos e aprendizados diários, mas também é importante a compreensão de que as perdas, desde que nascemos, serão uma constante no processo de viver. O filme evidencia que as perdas vividas dão oportunidades para que o amor se revele como fruto do que foi semeado, pela própria personagem, ao longo da sua história. A dedicação do marido no estágio avançado da doença e o cuidado da filha e da família bem revelam que maior do que a perda é o ensejo do amor.
A poetisa citada pela personagem no filme, Elizabeth Bishop, fala poeticamente sobre o perder. Ela nos diz:
"A arte de perder não é nenhum mistério; Tantas coisas contêm em si o acidente
de perdê-las, que perder não é nada sério. Perca um pouquinho a cada dia.
Aceite, austero, a chave perdida, a hora gasta bestamente..."
Enfim, vivemos diariamente um aprendizado sobre a arte de perder. E o perder a cada dia é também um grande aprendizado para quem perde, e para quem observa a perda. Pois, perder também é ganhar... Quando existe o amor!!!

Por: Karina Simões

Disponível também em minha coluna UOL/Mulher em: http://www2.uol.com.br/vyaestelar/mulher.htm

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Segredos de uma mulher

"E quantos segredos traz o coração de uma mulher..." Nos versos do poeta e cantor paraibano Zé Ramalho, há uma verdade jamais revelada.
O coração de uma mulher é mesmo indecifrável, e no seu mistério está a beleza que instiga e provoca os desejos de conhecê-la. Na verdade, nem mesmo a mulher sabe quem ela é. O grande psicanalista S. Freud, na tentativa de tudo explicar, também se rendeu à impossibilidade de anunciar os mistérios femininos: "afinal, o que querem as mulheres?".
Eu fico com a compreensão de que o desejo da mulher é ser mesmo enigma para os outros e, muitas vezes, para ela mesma. Não quero fazer o caminho daqueles que se acham sábios e que pensam ter desvendado o universo feminino. Porque esquecem que em cada alma feminina há o poder de se reinventar e renascer a cada instante. Ser diferente e ser resiliente em sonhos, propósitos, gostos e amores pela vida. Mais que isso, a mulher tem a capacidade de tornar novo o que parecia obsoleto por meio de um novo olhar, de uma palavra, de um toque ou de um gesto.
Neste dia, em que se pretende dar um olhar de relevo para as virtudes da mulher, um fato não se pode esquecer: há anos cientistas, filósofos e poetas pretendem a cada instante dizer quem são as mulheres. Digo, sem medo de errar, que nunca chegarão a responder ou a atender às suas pretensões, porque só as têm os que sabem amar. Isto é, querem entender uma mulher? Ame-a. Sinta-a. Porque somente quem ama sabe entendê-la.
Talvez por isso, por mais que se pretenda num dia ressaltar a beleza e a importância da mulher, não cabe em nenhum espaço de tempo a possibilidade de contemplar a alma feminina. As mulheres serão sempre, neste sentido, atemporais e misteriosas, deixando os cientistas, os poetas e os filósofos loucos sem as respostas que somente quem ama sabe entender... Mas não sabe dizer!
Feliz dia Internacional da Mulher!

No Instagram: @Karisimoes

 

Texto disponível também em minha coluna UOL/Mulher:  http://www2.uol.com.br/vyaestelar/mulher.htm

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