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A interferência das redes sociais nos relacionamentos

Tenho percebido na minha prática clínica o fenômeno da interferência das redes sociais na vida das pessoas e, mais ainda,  nos relacionamentos afetivos. Se por um lado as ferramentas tecnológicas são responsáveis pela união amorosa de muitos, por outro lado, não é menos verdade que elas também vêm se tornando causa de vários conflitos nos relacionamentos sociais e conjugais.
A minha escuta na clínica evidencia que as redes sociais rompem contratos preexistentes entre os casais, ou seja, as regras são substituídas por novas práticas e isto desencadeia um desequilíbrio na relação. Casais que não tinham segredos passam a ter, e um "novo mundo" (o virtual) passa a existir entre eles. É como se um abismo fosse sendo construído no meio dessa relação, e havendo, cada vez mais, uma distância entre eles. As redes sociais são como vitrines a aguçar e estimular a fantasia das pessoas. Muitas vezes, escuto no consultório que as "redes sociais são como uma espécie de cardápio de pessoas", onde se pode estar a escolher o que visualmente vem a calhar ao agrado dos olhos de cada um. E isso desperta um interesse no outro, a ponto de poder culminar num suposto rompimento da relação.
Não se pretende aqui fazer qualquer juízo crítico positivo ou negativo acerca do uso das redes sociais, pois, como tudo, o mau uso depende do sujeito e não do objeto em questão. Entretanto lanço a reflexão de que talvez a dinâmica de as pessoas terem a maturidade de conversar e dialogar mais sobre o permitido e o não permito por cada um seja um caminho a prevenir tais desconfortos no futuro.
Ter ou não a senha de acesso às redes de relacionamento do cônjuge é assunto a ser definido pela realidade vivenciada de cada casal. Não há regras da felicidade para isso. Não existem receitas do certo e do errado nas etiquetas universais de relacionamento. Existem sim regras e etiquetas de cada casal, ou seja, o que serve para um pode não servir para o outro. Mas se faz necessário e saudável tentar estabelecer algumas regras afetivas internas e confortáveis para cada um. Estabelecer diálogos nas redes sociais, "curtir" fotos, manter uma conversa no chat, etc., têm sempre uma realidade particular de cada casal. Não será surpresa acontecer que, diante da variedade de pessoas que usam a rede, exista a possibilidade de alguma "investida" ou demonstração de interesse de terceiros diferentes da relação, possibilitando assim que possa entrar alguém a mais nessa relação. Esta atenção, portanto, deve ser observada.  Assim, essas "curtidas" em massa podem soar como um aceno de quem quer demonstrar algum interesse. Trata-se, pois, de uma nova linguagem e uma nova forma de se comunicar que vêm se estabelecendo nas relações sociais e afetivas. Aliás, isto tem sido objeto de repetidas escutas no meu consultório.
A tecnologia e suas inovações têm mexido em todas as áreas de nossas vidas. O aspecto afetivo das pessoas, por sua vez, não fica de fora; ao contrário, tem um destaque especial merecendo um olhar mais profundo sobre esse tema. Temos que refletir cada vez mais até onde estamos permitindo que haja interferências externas presenciais ou virtuais nas nossas relações e sabermos blindar numa visão ampliada de compreensão do que vem a ser a permissão dessa interferência. Fica a reflexão para todos e até o próximo texto!

Por: Karina Simões Moura de Moura
Instagram: @karinamourademoura

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Felicidade silenciosa

No silêncio de cada coração vive a verdade de cada um. Embora ela tente, não consegue esconder-se por muito tempo. O corpo não guarda segredos e nem consegue disfarçar a emoção.
É curioso perceber que aquilo que se pretende exibir é, por vezes, o que não se é, e o que não se vive. Nunca esteve tão em evidência o "exibicionismo".
Não posso criticar condutas que servem para sustentar uma dor. Afinal, por que se contrariar com a ideia de que se é feliz mesmo sem ser? Não queremos perder a ocasião de postar um lugar bonito, uma comida gostosa, um selfie que diga para o mundo: estou tendo a oportunidade de sorrir! Se isso é verdade ou não, fica para cada um; aliás, enquanto se posta e se acompanha as curtições, é possível "estar feliz" com isso.
A felicidade dos outros, muitas vezes, gera revolta. Isso se dá, talvez, pela confrontação da vida do outro com a de quem a vê nas redes sociais. A verdade é que a felicidade alheia incomoda sim e gera inveja.
É sabido que a autoimagem é fruto de um olhar próprio que considera também o julgamento do outro. Ou seja, somos o modo como nos vemos com a conjugação do olhar dos outros.
Se isso é verdade, que se angariem mil aprovações, porque a partir do que se propaga cria-se um estado mental positivo de si, pouco importando se antes a felicidade existia ou não.
O fato é que quem sabe ser feliz não deve nada a ninguém. Não é verdade?
Mas façamos de nossa felicidade uma prática verdadeira, e por que não silenciosa?!

Por: Karina Simões Moura de Moura

Disponível também em minha coluna UOL : http://www2.uol.com.br/vyaestelar/mulher.htm

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Cumplicidade e respeito são termômetros de felicidade no casamento

A sociedade anteriormente "massacrava" e condenava a mulher divorciada e hoje essa mulher que se separa já é vista com mais aceitação e com uma melhor imagem pela sociedade. Hoje essa mulher tem mais apoio social e até condições de aceitação para uma restauração afetiva posterior com outro parceiro.

O divórcio traz grandes modificações como perda financeira por conta da partilha, até a indisposição de frequentar determinados lugares dos tempos de solteira para encontrar parceiros.

Outro ponto de modificação que encontramos, é a família que cresceu com filhos e até netos, e tudo isso faz com que haja dificuldades e ausências de oportunidades para que os relacionamentos aconteçam no mesmo tempo de juventude. Os tempos de espera e de vida são diferentes nessa fase da mulher. As prioridades mudam, diferente das prioridades vividas quando jovens. Outras dificuldade que observamos na prática clínica em consultório com casais e mulheres, é a dificuldade do desfazimento por conveniências sociais ou entrelaçamentos financeiros. A dependência financeira de um dos cônjuges faz com que seja uma das principais dificuldades dos casais em enfrentar términos. E muitas mulheres se percebem "reféns" da relação.

Devemos considerar alguns aspectos importantes: a figura do homem está atrelada à sensação de finitude, onde o homem parece estar sempre comprovando a sua condição de masculinidade. Numa sociedade onde se valoriza o belo, a estética e a jovialidade: o homem é valorizado por estar acompanhado por uma mulher mais jovem. Já a mulher, traz sempre uma realidade atrelada a ela do cuidado. Ou seja, até porque, a mulher e o feminino, trazem como marca um termômetro da maternagem. A condição feminina materna interfere diretamente na relação conjugal; pois a mulher, geralmente, tende a ter sempre o cuidado como o manejo principal da relação.

Não há fórmulas para um relacionamento feliz e com longevidade. Mas há alguns questionamentos individuais que trabalhamos na clínica com casais e mulheres que nos procuram, onde fazemos com que eles reflitam: o casamento feliz é medido entre a relação de cumplicidade verdadeira e o respeito mútuo entre o casal. A verdade sobre o sentimento é sempre fundamental no caminho a ser percorrido a dois.

Compreender que o casamento não é estabelecido como uma disputa entre os parceiros é outra reflexão que se deve ter na caminhada a dois; pois percebemos que muitos casais estabelecem uma relação de rivalidade, ou seja, uma disputa muitas vezes de "poder", e com isso começa a desconstrução dessa relação, que muitas vezes ocorrerá após um tempo de casamento. Assim, sentir-se parceiro (a) e ter sempre em mente a verdade de viver uma cumplicidade, é o caminho a ser percorrido a dois!

Disponível em minha coluna: http://www2.uol.com.br/vyaestelar/mulher.htm

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Não aceitar separação pode trazer revolta e desespero

Todo fim de relacionamento, seja ele amoroso ou não, deixa conflitos e marcas para enfrentar nas futuras relações.
Recomeçar é um grande desafio e percebo isso em minha prática clínica diariamente.

Raiva, insegurança, carência, saudade, dor e desejo de vingança muitas vezes fazem parte do repertório vivido por quem passa pela revolução provocada pelo fim de um relacionamento.

O sofrimento, muitas vezes negado por muitos, se repercute nas relações posteriores, principalmente se não for bem compreendido e digerido.

Em meus atendimentos percebo que o processo de separação, quando não aceito, se divide em duas fases: a do protesto e a do desespero. De um lado, a reação de protesto, a pessoa abandonada tenta resgatar e recuperar o objeto de seu amor na tentativa de compreender o que fez de errado e o que poderia reacender o interesse do outro para um movimento de volta. Por outro, a reação de desespero quase sempre é tomada por momentos de fúria, mesmo que a relação tenha terminado de forma transparente e sincera.

Compreender de onde vem esses sentimentos que se apropriam nesse momento, é a chave principal para fechar ciclos afetivos e não repetir padrões de comportamentos em futuros relacionamentos.

Feridas fazem parte da vida de todos que se relacionam e um dia terminam um relacionamento. No entanto, é possível aprender a lidar com elas e se libertar da dor e de seus conflitos afetivos.

Na psicoterapia as pessoas têm a oportunidade de transformar dores que sangram em cicatrizes e histórias resolvidas.

Texto disponível em também em minha coluna no site: http://www2.uol.com.br/vyaestelar/nao_aceito_o_fim_do_relacionamento.htm

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É amor ou conveniência?

Em determinado instante da vivência de um relacionamento, que passa por várias fases, é comum as pessoas se perguntarem: É isso mesmo que eu quero? Ficar nesse relacionamento é mesmo o melhor para mim?  Ter a coragem de investir numa relação que se desgastou, sempre é uma hipótese que o casal se utiliza, mas nem sempre gera o fruto esperado. Isso se dá por dois motivos: ou acabou o amor ou não conseguem por si só resolver as questões e mudar a dinâmica do relacionamento.

Já ouvimos muita gente dizer que tem medo de ir a um psicólogo porque acha que se for, tudo terminará em separação. Afinal, será isso mesmo? Bem, o que acontecerá numa terapia será o fortalecimento das pessoas envolvidas na relação para poderem, com autonomia, decidirem sobre o que é melhor. É um grande equívoco pensar que psicólogo separa casais; aliás, há muito mais casais que permanecem unidos do que aqueles que decidem se separar após uma terapia, pelo menos essa é a estatística de nossos consultórios. Mas separar, caso as partes decidam ser o melhor, não é igual a “fracasso”. Fracasso é viver a incongruência de viver o que não mais existe. Vitória é saber dar vida ao que ainda tem possibilidade ou saber sair inteiro de um casamento, apesar de tantas perdas.

Mas a pergunta que parece existir na cabeça de muitas pessoas que chegam à nossa clinica é: Será que ainda tem jeito? Será que eu amo meu cônjuge? Estou por amor ou conveniência. O maior de todos os inimigos, para se chegar a uma resposta correta, é o medo. As pessoas temem que o caminho do autoconhecimento leve a uma decisão de divórcio que implica perdas, julgamentos maledicentes em incertezas sobre o futuro, etc. Diante de um receio de o casamento ter um fim, mesmo estando insatisfeito com ele, fica uma revolta que compromete a felicidade de todos. É nesse momento que o casamento passa a ser algo automático, dando vez ao que se chama de “conveniência”. Tudo passa a se justificar no que não está na centralidade da relação, ou seja, o amor entre o homem e a mulher, e passa a ser periférico: os filhos, o patrimônio, o medo da solidão, etc. A partir disso, o casamento passa a ter uma sentença escravizante: “não está bom assim, mas tenho que suportar isto”. O resultado é que a parte de inconformação em quem vive essa “prisão” estará gerando o desconforto para quem a ela se submete que, por sua vez, não deixará tal situação sem relevância e passará a desprezar e diminuir seu parceiro, transformando o casamento num grande inferno astral.

Temos estudado esse fenômeno e, em breve, quem sabe, publicaremos um livro sobre o assunto… Ou seja, um dos cônjuges por não mais querer o casamento e nem ter a coragem de pedir a separação, simplesmente passa a tornar a vida do outro insuportável para que este outro tome a atitude de dizer: quero me separar. É dessa maneira que o cônjuge que promove esse assédio estará se livrando da responsabilidade de assumir uma decisão (interiormente tomada, mas não assumida publicamente) deixando que o outro decida, para assim não ser responsabilizado pela “sociedade” e “amigos” como o culpado pelo desfazimento da relação e nem mesmo passe a carregar uma “culpa” que atormentará nos instantes mais difíceis patrocinados pelas perdas que uma separação ocasiona.

O casamento, sob o aspecto unitivo e sagrado, é bem mais que uma convivência sob o mesmo teto. É espaço de amor que se alimenta no fluxo do ir e vir desse sentimento.  Saber diagnosticar se o que mantém uma relação é conveniência ou amor (vivido ou adormecido) é pergunta a ser direcionada ao coração, que merece todo cuidado e, dependendo da situação, favorecido sob o olhar científico de um profissional.

Por: Karina Simões e Fabiano Moura de Moura

*** Em breve nós estaremos ministrando o curso / workshop sobre relacionamentos
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