Mulheres merecem ser violentadas por causa de suas vestimentas?

 

 

Recentemente li uma matéria sobre uma pesquisa que diz que para 58,5% das pessoas entrevistadas, o comportamento feminino influencia na prática do estupro. Não tenho o objetivo de negar ou confirmar as verdades contidas na conclusão desta pesquisa, no entanto, arrisco-me a falar diante de meus conhecimentos práticos e vivenciados na clínica, atendendo há mais de uma década, e dos meus conhecimentos teóricos (objetos de meu estudo).

As pessoas vítimas de um estupro apresentam em meu consultório profunda dor psíquica e física. E  podem, em determinado momento, apresentar a culpa como tentativa de justificar a violência sofrida. Tentam ser responsabilizadas para poder compreender o que para ela é desnorteante. Isto se apresenta bastante sofrível e cabe ao profissional psicólogo ajudar ao seu paciente a buscar a via da verdade que a leve a uma reconstrução interior de modo a ter uma vida sem um comprometimento ainda maior.

A prática do estupro é uma violência provocada por alguém que, movido por seus impulsos e representações, compele outra pessoa a prática de atos sexuais contrários à vontade desta. O que faz, em determinado instante, uma pessoa romper com as regras morais para a prática do ato são inúmeros fatores que podem ir desde os aspectos biológicos (questões hormonais), passando por histórico de vida (traumas), educacionais (formação) e até culturais (estereótipos do macho e da fêmea).

Atualmente, o apelo à sexualidade é gritante. A provocação ao desejo sexual tem feito parte do nosso dia a dia. Em tudo e a todo instante. E para se confirmar, isto é, só basta ligarmos a televisão, sairmos às ruas vendo os outdoors, abrir uma revista ou ver as redes sociais, como por exemplo, o instagram, etc. Contudo, é preciso observar também que não é a nudez feminina ou masculina que provoca uma excitação apenas. Já ouvi muitos relatos de idosos que afirmavam que em décadas passadas havia uma excitação em apenas ver o joelho de uma mulher e que a nudez dos dias atuais banalizou o que se tinha como idealização do nu que muito servia de estímulo sexual. E o que dizer das mulheres que usam a burca, vestimenta da cultura islâmica onde se cobre todo o corpo e muitas vezes até os olhos? Será que não há estupro nessa região? Será que tais mulheres não podem representar sensualidade e excitabilidade para o sexo oposto?

Enfim, não é crível que um comportamento, como o estupro, que rompe com conceitos éticos e morais e que tem um fundamento tão complexo, fruto da conjugação de inúmeros fatores, possa ter na nudez feminina uma explicação tão simplória. Respeito à opinião de quem pensa diferente, mas para mim, que compreendo as situações à luz das verdades científicas, tudo não passa de "pitacos" ou ideias distorcidas sem maior fundamento.


Por: Karina Simões @Karisimoes 

Consciência moral e ética

 

Há dois significados para a consciência. O primeiro refere-se à “consciência psicológica”, ou seja, é aquele conhecimento que temos sobre nós mesmos, pois temos consciência de existir, de nossas lembranças e sentimentos. É a consciência que nós temos de estarmos vivos e compreendermos o que está ocorrendo ao nosso redor. Para o outro significado se dá o nome de “consciência moral”, isto é, aquela voz interior que nos orienta sobre o que devemos fazer em determinadas situações. A “consciência psicológica” nos possibilita escolher, e a “consciência moral” nos orienta na escolha.

Uma desmoralização da ideia de justiça gera um clima de desconfiança generalizada e leva a um incentivo a comportamentos desonestos. Infelizmente, esse comportamento de “levar vantagem” ainda está presente em um número considerável de pessoas. No entanto, tais pessoas não compreendem que essa “vantagem” é algo passageiro, pois no decorrer de suas vidas elas virão a perder algo muito mais importante. Assim, nos damos conta de que quanto mais conhecimento, amor, respeito, justiça, etc, se dão (conscientemente), mais se recebe. Quem pensa em tirar vantagem, sempre perde! A vida é cíclica... lei do retorno!

Ética não se ensina, não se define apenas como um termo a ser cumprido. Ética é o respeito, a cumplicidade, a responsabilidade, a postura tomada. Ela nos fornece conhecimentos para que nossa consciência crítica se desenvolva, ou seja, “uma reflexão sistemática sobre o comportamento moral”. Assumpção – um especialista em bioética - afirma que a ética começa no berço. Ela existe dentro de cada um de nós, é algo interior. E ele tem toda razão! O que compete à ética é o estudo da origem da moral, da distinção entre o comportamento moral e outras formas de agir, da liberdade e da responsabilidade. No entanto, a ética não diz o que deve e o que não deve ser feito, pois isso compete à moral.

As consequências da afirmação: “Eu crio a minha moral e o mundo que se dane”, que está bem frequente nos últimos anos e dias nos diálogos interpessoais, nos leva a crer em um lado individualista de ser do homem, onde ele nega as normas morais estabelecidas. No entanto, os seres individualistas não levam em consideração que o homem está inserido numa sociedade (quer ele queira ou não). O ser individualista não se permite enxergar que o homem não é um ser solitário, pois ele precisa da convivência com os outros, onde existem não só os direitos, mas também os deveres.

E o que falar sobre ética profissional? A “ética profissional” não se resume apenas ao sigilo. Ele faz parte sim de um conjunto de princípios observados no indivíduo no exercício de sua profissão. A ética profissional envolve o respeito, a postura profissional, a responsabilidade, a justiça que nós devemos ter não só com os outros, mas também com o nosso próprio EU.

Quando o indivíduo age sob uma coação interna, isto é, tendências patológicas ou doentias, que não possa resistir, a pessoa é eximida da responsabilidade moral, como por exemplo, um psicótico que mata alguém no momento de crise. Ou uma coação externa, ou seja, alguém forçado por uma ameaça ou revólver age de forma prejudicial a outra, o indivíduo também será eximido da responsabilidade moral. Mas isso daria um novo texto....porque aqui entrariam novas crenças a respeito de culpa, responsabilidades, e novos questionamentos, que a posteriori, venho transcrever.

Por: Karina Simões 

Instagram: @Karisimoes 

Entre o partir e o ficar...

 

Pesquisas mostram que a mulher tem maior capacidade de resiliência que os homens. Isso significa que elas são capazes de se reorganizarem com mais facilidade do que eles diante de uma situação que gere desestruturação, como perda de pessoas por ela amada.  A alma feminina, com característica mais introspectiva que a masculina, consegue responder em menor tempo a uma reestruturação de suas emoções, pensamentos e comportamentos. 

Estudos e alguns teóricos sobre o assunto, tal como Silvia Koller, mostram que crianças órfãs que foram abrigadas tiveram atitudes diferentes. Enquanto as crianças do sexo masculino apresentaram maior agressividade, por maior tempo, as do sexo feminino mostraram-se mais comedidas. Sem que isso evidencie estado mais saudável, as meninas em menor tempo conseguiram voltar às suas atividades cotidianas e manifestaram comportamentos que apontam para uma aceitação do evento traumático. 

Não penso que isso possa ser analisado sobre um prisma de superioridade ou de ser ou não um processo que indique um grau mais avançado de evolução do sexo feminino, mas uma hipótese para justificar tal fato pode estar na oportunidade que um e outro sexo dá à racionalidade. Com efeito, o homem parece menos saber desistir do que não se pode mais reaver, enquanto a mulher, embora sendo mais intensa em sua radicalidade de amar, aprendeu mais a consumir sua energia no campo do real e não do desejável impossível. 

Lembrar-se de nossa condição feminina, aquela que sabe otimizar toda sua energia para o que se faz possível, é sabedoria pura. Se uns se vangloriam da força que os mantém firmes na luta e por isso trazem como lema "desistir jamais", outras guardam a sabedoria de lutar enquanto for possível alcançar. Do contrário, melhor intentar novos desafios. Neste caso, desistir não é fracassar, mas ser sábia. Significado que o dicionário escrito com esmalte e batom sabe tão bem traduzir. Amar enquanto for possível. Amar o novo quando o velho só existir na vontade e na fantasia de quem precisa aprender que tudo muda e tudo precisa mudar, principalmente nós mulheres.

Quando se ama, a conta que interessa para nós pode ser feita assim: perde-se a razão e vive-se perdido... de amor! Amando nunca se perde! 

 

Por: Karina Simões

@Karisimoes

 

 

 

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