As inquietações cognitivas e afetivas dos relacionamentos são as mesmas anos após anos. As angústias amorosas das pessoas vêm sempre junto com as expectativas frustradas em relação aos parceiros (homens), principalmente.
Escuto assim em meu consultório: "porque eles traem tanto?", "porque nos abandonam?", "porque não me dá atenção". A mudança que vem acontecendo no casamento, em geral, é que esta instituição vem ficando mais frágil. Ou seja, numa sociedade líquida e vulnerável, como diria Z. Baurman, as relações facilmente se desintegram.
Há mais de duas ou três décadas, os casamentos supostamente se apresentavam mais sólidos devido ao fortalecimento mútuo, ou seja, o casal tinha uma tendência a começar a vida a dois com muita dificuldade e as conquistas das vitórias eram curtidas juntos dia a dia. Uma moradia, um carro novo, um novo emprego etc. Tudo isso era conquistado junto. Atualmente, casa-se com apartamento comprado e montado; carro, cada um já tem o seu, assim como um emprego fixo etc. E, quando esse casal recém-casado passa pela primeira dificuldade, os alicerces afetivos se estremecem e se instalam as crises conjugais logo no início do casamento.
Cada vez mais a mulher vem ocupando um espaço que anteriormente era apenas de homens. E com isso, vem ocorrendo uma confusão entre o papel masculino e o feminino. Pois, quando a mulher fica mais independente, a difrerença entre o casal diminui, e aí surgem os problemas. Muitos homens não estão preparados para essa evolução feminina, e muitas mulheres também não sabem lidar com a sua própria autonomia conquistada. Assim, uma nova crise conjugal tende a se instalar. A difícil arte de conviver com uma mulher inteligente, linda, poderosa e bem sucedida é para poucos!
Porém, assumir o papel do homem provedor também não é nada fácil para eles. Num mundo onde as mulheres se ligam à inteligência, ao poder financeiro, à personalidade forte que eles exercem.... E quando eles não preenchem esses requisitos, perdem, portanto, a admiração delas.
Todos esses fatores evolutivos da sociedade moderna vêm fazendo que as regras e valores da instituição do casamento mudem.
Mas, sempre é importante ressaltar que, as regras e valores mudam numa relação, mas a essência do sentimento pelo outro, pela parceria, pela cumplicidade, pelo respeito mútuo e admiração e pela vontade de crescer juntos... Isso não pode, nem deve mudar!
Como disse certa vez o Wagner Moura: "O casamento é uma instituição moderníssima. Hoje, nada mais obriga duas pessoas a estarem juntas, a não ser o amor."
Por: Karina Simões
Data: segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012