Perplexa com o caos em que a sociedade se encontra diante da violência... me vejo refletindo, nesse período de repouso que me encontro hoje (pós – cirúrgico), sobre os casos cada vez mais intensos de agressões entre pais e filhos. Com isso, reconstruí um texto sobre Pai, e seus papéis...
Há muito recaia sobre a mãe a função de educar, orientar, ser um “artesão da personalidade” para os filhos. Essa realidade, no entanto, diante dos novos tempos com a entrada da mulher no mercado de trabalho a fim de contribuir também com o orçamento, vem sendo modificada no seio familiar. Pois, não cabe mais só a mãe, como no tempo dos nossos avós, o papel de cuidar dos filhos no sentido maternal, de orientar as tarefas escolares, de levar ao médico, à diversão, etc. Hoje, é importante ressaltar que uma nova realidade já desponta: são os novos pais que passaram a assumir, afora os compromissos de trabalho profissional, a tarefa de compartilhar com a sua esposa toda a responsabilidade de educar os filhos.
Infelizmente alguns ainda são pais ausentes, mas essa categoria já está entrando em extinção, devido a uma força maior que podemos chamar de sistema familiar, o qual hoje se encontra em plena reforma estrutural e emocional, ou seja, o sistema familiar não obedece mais às normas e crenças para que funcione bem. Então, é preciso reorganizar tal sistema, refazendo regras, corrigindo preconceitos e quebrando padrões de pensamentos disfuncionais para que ele volte a ser benéfico na estrutura familiar. Na verdade, vemos cada vez mais, pais participativos no processo de educar seus filhos e orientá-los para a vida através da presença constante, do dialogar, do ouvir, do partilhar de experiências e informações significativas para o crescimento saudável de seus filhos. E precisamos dar créditos e aplaudir aqueles que tentam e se esforçam para atingir seu grau pleno de ser pai.
Temos ainda aqueles pais, raros, mas já apontam na nossa sociedade como um todo, que têm função dupla e que são popularmente conhecidos como “pãe”, pois assumem o papel de pai e mãe ao mesmo tempo. Geralmente, esse caso se dá quando da separação do casal e, que os filhos, por motivos que não são objeto de estudo dessa matéria, optam ou têm que ficar sob a tutela do pai. Esses genitores que se vêem diante de uma nova situação e tarefas anteriormente destinadas à mãe passam, então, a desempenhá-las com eficiência e zelo. Há também os novos casos que a justiça já começa a dar ganho de causa: para os pais adotivos, quando de casal homossexual. A esses pais devemos ao mesmo tempo aplaudir pela coragem e aceitação, como também advertir pelas dificuldades que irão se deparar nessa nova caminhada.
Já os casais heterossexuais que optam por adotar uma criança, percebemos uma co-participação efetiva e aceitação natural do homem nesse momento de difícil decisão na vida de um casal.
Para ser pai não é necessário apenas gerar esse filho, manter uma distância emocional para impor respeito ou ainda diminuir o trabalho da mãe na criação dos filhos, mas principalmente libertar a si mesmo de modelos rígidos de masculinidade perante esse filho, ensinando-o que o ser Homem – Pai tem muito mais do que poder sobre ele, autoritarismo ou responsabilidades sociais, pois tem sensibilidade, acolhimento e aceitação incondicional diante dos filhos.
Mas qual modelo de pai deve-se seguir? Os homens de hoje tentam encontrar algum modelo. No entanto, o maior modelo se encontra dentro de cada um, na sensibilidade que cada pai tem e por vezes não a usa, por medo de parecer tolo, ou demonstrar fraqueza. Na verdade, quando se faz uso dessa sensibilidade, estará demonstrando quão grande ele é, e sua verdadeira essência de ser pai. Portanto, ser um bom pai se encontra ainda como um mito da eficiência masculina, que não permite falar de inseguranças, pois isso seria muito feminino. Com isso, o silêncio em relação às dificuldades é considerado heróico à emoção materna / feminina.
Ser pai é aprender, mesmo errando a hora de falar e de calar, agüentando a dor de ver os filhos passarem pelos sofrimentos necessários, para que consigam descobrir os próprios caminhos e os próprios erros. É saber ser herói na infância, exemplo na juventude e amigo na idade adulta do filho. Pai é formar sem modelar, ajudar sem cobrar, sofrer sem contagiar e amar sem receber.
A todos esses homens corajosos, maravilhosos, fortes, determinados que sabem assumir com maestria o seu papel divino de ser pai, quer seja biológico ou adotivo, deixamos aqui o nosso reconhecimento por essa bela missão que eles cumprem. E, ressaltamos quão importante é a sua função para o desenvolvimento harmonioso da personalidade, e da psiquê da criança. Eles são formadores de crenças dos adolescentes e amigos eternos na idade adulta.