E se o desejo mudar?

 

Muitos casais se veem perdidos com o tempo da relação. Mas, se perdem mesmo é no desejo entre eles. E quando esse desejo vai embora, junto com ele vai um monte de sonhos e a vontade em comum, que não mais são compartilhadas.

Cada pessoa tem seu tempo. Tempo de amar, de desejar, de esperar e de sonhar. Mas, o que poucos conseguem é fazer com que esse tempo seja o tempo do outro também. O tempo do casal tem que ser partilhado, assim como os desejos e os sonhos em comum. E muitas vezes, perde-se para ganhar. Ganhar a dois. Porque numa relação um só nunca ganha. A relação que tem equilíbrio e parceria, os dois sempre ganham. Há sincronicidade!

Muitos me questionam sobre a sexualidade e até onde é saudável ou não se manter o desejo pelo outro. Mas, percebo a inquietude e a angústia de muitos casais quando o assunto é: falta ou mudança do desejo sexual.

A falta de desejo, muitas vezes, está relacionada ao vínculo de admiração e afetividade que você tem pelo outro. A pergunta chave que fazemos é: O que essa pessoa representa em sua vida hoje? O silêncio impera nesse momento. E a pessoa é levada a refletir sobre os papeis sociais e representativos que o outro exerce nas nossas vidas. Papeis que há tempo já deixaram de existir.

Sexo com afetividade é fundamental e essencial. Mostrar para você mesmo que é importante viver sem culpas e lembrar que o termômetro da longevidade do tesão sexual é o afeto, permitindo que a sexualidade seja também sensibilidade vivida em parceria e sintonia.

O bom sexo é feito a dois, mesmo quando se é feito sozinho. Porque muitos casais fazem sexo, porém solitários. A afetividade, o envolvimento e o encantamento são os ingredientes fundamentais para o tesão e a magia do sexo funcionarem com plenitude e prazer. E assim, manter uma longevidade na paixão afetiva e no desejo mútuo.

Arnaldo Jabor nos disse certa vez: “O amor sonha com a pureza, sexo precisa do pecado, o amor é sonho dos solteiros, sexo é sonho dos casados”. Eu completaria, mas, me perdoe Jabor, precisamos mesmo é de romantizar mais o sexo e erotizar mais o amor. Assim, fazê-los andar de mãos dadas, lado a lado, numa única relação!!!


Por: Karina Simões

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Afastar-se como ato de amor


Afastar-se de alguém quando se ama é doloroso e uma tarefa árdua para o coração que pede mais e pede presença constante de quem se ama. Mas, muitas vezes, o afastar-se é também um ato de amor e cuidado ao outro e pelo outro. Não entendemos, a princípio, esses afastamentos, porque sofremos a dor da perda ou da falta que o outro nos faz. Mas amar é presença na ausência, é sentir o outro sem tê-lo, é ouvi-lo no silêncio da solidão e ter a certeza que você também se fez e faz presente apenas por existir. Porque quando amamos não nos tornamos passado, nos fazemos presente para sempre na vida do outro.

O caminho a ser percorrido e vivido a dois é o da compreensão. Compreender é mais que aceitar. Transcende o aceitar, chegando ao sentir a alma do outro como se fosse a sua. A compreensão não castra, não tolhe... A compreensão permite com afeto e com vontade que o outro seja quem é permanecendo a admiração apesar dos espinhos que todos possuímos intrinsicamente. Aprendendo dia a dia que a vaidade nos impõe, enquanto o amor aceita e compreende.

Toda confusão ou inquietação cognitiva passaria a ser mais fácil de lidar se cada um de nós pudesse olhar para si e para o outro com o objetivo de compreender e aceitar as vaidades, os espinhos e as diferenças de cada um. Pois é na superação de nossas infantilidades e imaturidades afetivas que crescemos verdadeiramente. Mas a superação madura e assertiva se dá através da compreensão do outro. 

O recolher-se ou afastar-se pode ser uma forma de proteção, podendo, assim, fazer com que a relação venha a ressurgir, regenerar-se e, muitas vezes, se fazer uma nova história. Como nos ensinou a escritora americana Anne M. Lindbergh: “A segurança num relacionamento não está em olhar com nostalgia o passado, nem antecipar, com medo o futuro. A única segurança num relacionamento é vivê-lo no presente e aceitá-lo como está neste momento”.
Para viver uma nova história, permita-se compreender a si e ao outro, e tenha a felicidade como um caminho a ser percorrido e não um fim e uma espera da chegada.

Por: Karina Simões

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Começando pelo final...

 

O ato da separação sempre poderá causar dor. Separar-se de uma sociedade, de uma cidade, de uma amizade ou de um amor. Separar-se até mesmo de uma relação que já não mais funciona, dói.

Porque separação deixa marcas. Algumas, leves e passageiras; outras, profundas e doídas.  Mas também nos deixa uma certeza: a de que crescemos na maturidade dessa evolução afetiva. Nas perdas é onde mais crescemos. A dor faz parte do nosso crescimento como o próprio amor.

A fase das dúvidas e das inquietações afetivas consome os pensamentos, e por vezes, reflete internamente como um túnel sem luz. Mas, muitas vezes esses questionamentos e desafios abrem portas para novas oportunidades e possiblidade criativas de amar, ser amado e encontrar novamente o caminho da felicidade e da luz no final do túnel. Esperar é um caminho a ser aprendido!!!

Muitos casais já estão separados há tempos, mas unidos pela formalização de um papel e de um contrato social. E com isso, reféns um do outro e de sua própria infelicidade. Compreender a dor, a mágoa e a sensação de fracasso que o outro sente nessa quebra de vínculos é o primeiro passo para acolher essa angústia que parece ser infinita. Mas toda ferida virará cicatriz um dia. E cicatrizes não doem mais.

A separação parece funcionar, estruturalmente, nas pessoas envolvidas, da seguinte forma: quem supostamente desempenha o papel de abandonar, carrega um peso da culpa, muitas vezes, injustamente. E quem representa o papel de ser deixado ou abandonado, assume a vitimização e é levado a uma destruição psíquica. É um erro essa cena ser pintada num quadro e aceita por nós e por uma sociedade que julga e condena os papéis representativos aqui. Não há vítimas, para começar. Não há culpados, para terminar. Há responsáveis mútuos pela relação. Estar junto é uma via de mão dupla. E quando as leis e as regras dessa via forem modificadas, ela passou a ser sentido único e o casal deixou de existir e passou a sobreviver e não a viver a dois.

No livro Presente do mar de autoria de Anne M. Lindbergh, ela nos revela assim: “Insistimos em permanência, duração, continuidade, quando a única continuidade possível na vida, como no amor, está no crescimento, na fluidez...”. A permanência pelo vínculo estabelecido, e a não aceitação dessa perda, vai sendo levada pelo casal de forma longínqua e dolorosa, fazendo com que o sentimento passe a ocupar um lugar de raiva, culpas e mágoas entre eles.

Perceber e enxergar o momento de começar o final a dois, também é fundamental para uma relação terminar como começou: com respeito e afetividade ainda presentes. Para que assim, ambos possam reconstruir suas vidas, sonhos e amores. Porque amar também é saber terminar, para recomeçar!!!


Por: Karina Simões

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