Começando pelo final...

 

O ato da separação sempre poderá causar dor. Separar-se de uma sociedade, de uma cidade, de uma amizade ou de um amor. Separar-se até mesmo de uma relação que já não mais funciona, dói.

Porque separação deixa marcas. Algumas, leves e passageiras; outras, profundas e doídas.  Mas também nos deixa uma certeza: a de que crescemos na maturidade dessa evolução afetiva. Nas perdas é onde mais crescemos. A dor faz parte do nosso crescimento como o próprio amor.

A fase das dúvidas e das inquietações afetivas consome os pensamentos, e por vezes, reflete internamente como um túnel sem luz. Mas, muitas vezes esses questionamentos e desafios abrem portas para novas oportunidades e possiblidade criativas de amar, ser amado e encontrar novamente o caminho da felicidade e da luz no final do túnel. Esperar é um caminho a ser aprendido!!!

Muitos casais já estão separados há tempos, mas unidos pela formalização de um papel e de um contrato social. E com isso, reféns um do outro e de sua própria infelicidade. Compreender a dor, a mágoa e a sensação de fracasso que o outro sente nessa quebra de vínculos é o primeiro passo para acolher essa angústia que parece ser infinita. Mas toda ferida virará cicatriz um dia. E cicatrizes não doem mais.

A separação parece funcionar, estruturalmente, nas pessoas envolvidas, da seguinte forma: quem supostamente desempenha o papel de abandonar, carrega um peso da culpa, muitas vezes, injustamente. E quem representa o papel de ser deixado ou abandonado, assume a vitimização e é levado a uma destruição psíquica. É um erro essa cena ser pintada num quadro e aceita por nós e por uma sociedade que julga e condena os papéis representativos aqui. Não há vítimas, para começar. Não há culpados, para terminar. Há responsáveis mútuos pela relação. Estar junto é uma via de mão dupla. E quando as leis e as regras dessa via forem modificadas, ela passou a ser sentido único e o casal deixou de existir e passou a sobreviver e não a viver a dois.

No livro Presente do mar de autoria de Anne M. Lindbergh, ela nos revela assim: “Insistimos em permanência, duração, continuidade, quando a única continuidade possível na vida, como no amor, está no crescimento, na fluidez...”. A permanência pelo vínculo estabelecido, e a não aceitação dessa perda, vai sendo levada pelo casal de forma longínqua e dolorosa, fazendo com que o sentimento passe a ocupar um lugar de raiva, culpas e mágoas entre eles.

Perceber e enxergar o momento de começar o final a dois, também é fundamental para uma relação terminar como começou: com respeito e afetividade ainda presentes. Para que assim, ambos possam reconstruir suas vidas, sonhos e amores. Porque amar também é saber terminar, para recomeçar!!!


Por: Karina Simões

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Afinidade entre almas?

Afinidade entre almas existe e é real nas nossas vidas. Você já sentiu?

Quando um amor se depara com uma barreira impeditiva, para que os dois vivam essa história, instala-se a dor, que é o símbolo da ideia de angústia de não se viver um amor. Pois, todo sentimento e todo amor precisariam ser vivenciados, vividos em sua plenitude. Mesmo que o entendimento da plenitude compreenda momentos únicos vividos a dois e para os dois. Mas que sejam vividos e respeitados!

Quando o amor é interrompido e não se vive, fica-se imaginando as múltiplas possibilidades de continuidade, o que poderia ter sido dito ou não dito, feito ou não feito para que a longevidade do amor fosse real. Devemos viver todo o amor, enfrentando os bons e os maus momentos. Vivenciando nossa história do início ao fim, mesmo que o fim nunca chegue! Não saindo na metade, pois deixaremos a porta do ciclo de nossas vidas aberta ou entreaberta. Gerando assim, talvez, um ciclo repetitivo na vida afetiva.

Passamos uma vida em buscas de razões e explicações lógicas para o sentido do amor e sobre como esse sentimento pode transformar a gente. Mas o que realmente é a lógica do amor? E quem decide a razão da afetividade? Pois, é somente nas misteriosas equações do amor que qualquer lógica ou razão pode ser encontrada, fazendo sentido apenas para quem vive. Porque para o amor arrumamos argumento para a lógica se fazer real e nos convencer das possibilidades, através da esperança.

Apesar de muitas almas se encontrarem em tempos e épocas distintas, resta a afinidade entre elas, fazendo-as sentir que independente do tempo ou distância, quando há afinidade qualquer reencontro retoma a relação. Códigos verbais ou rótulos sociais se perdem e inexistem num encontro de almas, pois há algo maior entre elas: a afinidade. Existe o encaixe do beijo, a sintonia do olhar, a cumplicidade dos corpos e o encantamento do cheiro único do amor entre eles. Porque quando se tem afinidade entre almas, o meu cheiro é o seu cheiro. Ou seria o contrário? Dois se tornam um. O sentido do amor é ser unidade. A união apenas não basta. Porque podemos estar unidos e não amarmos mais. Mas, na afinidade vamos além do estar unidos: tornamo-nos um.

Conversar sem palavras, estar longe pensando parecido e receber o que vem do outro com aceitação e entendimento numa compreensão maior, pois afinidade é sentir "com" e sentir "junto". Sentir perdas semelhantes e ter iguais esperanças. Ter conversas no silêncio do olhar, tanto nas possibilidades, quanto das impossibilidades vividas a dois. Porque afinidade independe do tempo, da distância e da separação. Quando ela existe se sobrepõe a tudo isso.

Pode até haver um fim real para todas as coisas que amamos, mas para a afinidade entre almas jamais existirá, pois levaremos junto transcendendo o entendimento humano todo vínculo construído do amor a dois.

 

Por: Karina Simões

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Comprova-se o amor?

 

Querer comprovações de um amor é o mesmo que querer provar o improvável.  E para o amor precisa-se de provas?

Muitas vezes, as pessoas se colocam em posições de projeções nas relações, o que pode e deve ser saudável inicialmente, mas poucos sabem sair desses jogos de papéis e ficam presos nessas projeções levando as relações às crises e ao fracasso. E em seguida questionam-se: “Onde erramos?” “Por que o amor acabou?”

Na verdade o amor não se sustentou nas projeções, pois tem um tempo certo para largarmos esses papéis e sermos nós mesmos desprovidos de quaisquer máscaras.  Mas as pessoas habituam-se a serem um, e não três numa relação. Três? Isso... Eu, você e nós.  Não é simples ser simples como o amor.

Muitos casais seguem intencionalmente, sem destino, numa busca incansável pelo objeto de desejo que é a felicidade plena. Mas o que é a felicidade plena para você?

Sentir-se pleno é algo muito subjetivo. Talvez o outro nem alcance o que você verdadeiramente está desejando. Talvez o outro, nem mesmo, perceba esse seu desejo tão íntimo, tão seu, que você nem mesmo conseguiu expressá-lo.  Qual é o limite entre uma pessoa simples que ama, e uma mente simples que sofre? Talvez eu não saiba dizer esse limite real. Ou talvez, porque esse limite é único e abstrato, sentido por cada indivíduo de uma forma diferente. Amamos e sofremos de formas únicas.

O que mais importa mesmo não é a busca por esse objeto da felicidade, mas a percepção que você tem dele. A forma como enxergamos o outro muda completamente nossa forma de sentirmos e de valorizarmos o outro. Assim, a felicidade sua e a dois não é um fim, é um meio. Aproveite o processo de busca, e não espere pelo destino final. Pois, o processo já é a plenitude. Viva-o!!!


Por: Karina Simões

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Quando somos reféns de si mesmos

 

 

A busca incessante pela felicidade e por escolhas que favoreçam o destino faz com que muitos casais esperem que a simples condição de casados resolva, de maneira mágica, todos os problemas que aparecem, ao longo de sua convivência, e que na verdade os rodeiam.

Muitos vivem relações duradouras, porém distantes um do outro e insistindo em uma relação ou em uma pseudorrelação, que na verdade já se perdeu há tempos. Já existiu um dia, mas se foi. E não perderam meramente o amor ou o vínculo entre eles. Perderam, assim, a consciência da relação e do senso de responsabilidade e cumplicidade entre eles e por eles mesmos, tornando-se reféns de um amor que já não mais existe entre eles. A conveniência os mantém e as convenções sociais os aprisionam.

Mas, para o casal abrir mão dessa relação custa, ainda, muito caro e soa pesado demais para ambos, mesmo os dois tendo perdido a condição de sujeitos da própria história. Abrir mão significa muitas vezes sentir-se impotente e fracassado diante das convenções que a vida nos remete. E no momento em que se veem separados, se sentem devolvidos ao vazio de suas identidades bem como ao medo de enfrentar a vida. De enfrentar, também, um novo amor e uma nova história. Os medos de cicatrizes que marcaram um dia impedem, muitas vezes, o outro de viver sua plenitude e ele volta a ser refém dele mesmo, mais uma vez.

Como disse o poeta Vinicius de Moraes em o Soneto de Separação:

“De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama
...
Fez-se do amigo próximo, distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente”.


E assim, vamos nos tornando reféns de um sentimento acomodado, nos culpando por amores perdidos e deixados para trás, por sentimentos vividos no silêncio de nossa alma, onde só nosso inconsciente terá acesso. Porque nos sonhos eles virão.

E nos versos da música “Lume de Estrelas” do Oswaldo Montenegro encontro sentido para finalizar minhas divagações:


“Toda vez que eu volto
Tô partindo
E no sentido exato
É por saudade...”

 


Por: Karina Simões

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A habilidade social afetiva das relações instáveis

 

Habilidade social hoje em dia, é tudo que há. Atualmente, o sucesso das relações sociais e afetivas dependem muito mais da habilidade para interagir com as pessoas do que que a própria oportunidade em si. Mas nem todo mundo tem essa tal habilidade! O que fazer então quando não se tem?

Para começar a se dar bem com o outro, antes é preciso lidar bem consigo mesmo, conhecer seus desejos e anseios mais profundos, suas fraquezas, medos e suas reais necessidades. Um treino de autoconhecimento começa por você mesmo. A socióloga Fátima Motta disse: "Esse movimento interno permite perceber empaticamente quem está ao seu redor e compreender o contexto, o código, a ética das relações, construindo assim um vínculo positivo para todos".

Amar e ser amado é um desejo íntimo de todos nós, desde que nos reconhecemos como seres capazes de sentir. Desejar a exclusividade do amor, é algo também que logo cedo sentimos, ao sair do ventre da mãe e o reconhecimento com o mundo. Daí então, instala-se o ciúme, um desejo de ser único faz parte de nossas vidas nessa busca afetiva.

Saber lidar maduramente com o sentimento de dividir o amor e compreender as várias faces do amor, é muitas vezes, um caminho árduo e cheio de espinhos. Mas se você resolver trilhar esse caminho passando por etapas e aprendizados, saiba que o resultado é promissor e benéfico.

É refletindo sobre nossas próprias ações que tornamos acessível uma nova educação sentimental, reestruturando crenças e cognições afetivas.

Alguns passos estão relacionados abaixo para que possamos treinar nossa habilidade social e afetiva, diariamente:

1. Saber ouvir é o primeiro passo para trilhar e treinar sua habilidade social. Escutar o outro com interesse real e com o olhar focado em quem está falando, essa é uma atitude empática.

2. Cuidado com o tom da fala e do discurso. Ajustar sua linguagem para que combine com o universo que você está interagindo socialmente é fundamental.

3. Gerar empatia requer esforço e sensibilidade. Empatia social é nos colocarmos no lugar do outro. Troque mentalmente de posição social com o outro. Tente sentir-se como ele.

4. Seja coerente e flexível. Ajustar as ações e a fala com flexibilidade e coerência, mantendo o foco em quem você é e nas suas crenças. Tais atitudes ajudam você a conquistar credibilidade e admiração dos outros.

5. Envolver-se com causas e encantar-se com a vida.

Agora, falando em relacionamentos instáveis, os famosos "ioiô", que acabam e voltam num piscar de olhos, os familiares e amigos desse casal comumente tem dificuldade em lidar socialmente com eles. Nunca sabem como abordá-los. Pois, nunca sabem a real situação afetiva do casal.

A imaturidade emocional do casal é uma das características desse relacionamento instável. A baixa tolerância à frustração é outra característica forte presente. O casal que leva a relação assim por um longo tempo, geralmente apresenta uma resistência em lidar com a frustração e passa a não enxergar qualidades no outro na hora da briga ou de uma crise.

O casal deve ficar alerta para que essa relação não se torne uma simbiose doentia. Uma dependência afetiva um do outro, fazendo com que ambos não consigam terminar. E isso é o que move o retorno. Esses casais desenvolvem uma sede por esta emoção que incorporam uma versão dramática do amor nas suas vidas, fazendo desse comportamento "ioiô" um combustível para a paixão perdurar. Como se o convívio tranquilo fosse na verdade tedioso e não saudável para eles.
E prestem atenção: não há um relacionamento pronto ou "enlatado" com receitas e só esperando ser "devorado".

Relações saudáveis são construídas. Como disse certa vez o mestre Içami Tiba: "Quem ama educa". Eu completaria... quem ama escuta também.

 

Por Karina Simões

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Data: segunda-feira, 4 de junho de 2012

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