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Transgêneros ou Disforia de Gênero: uma realidade que merece respeito

Um tema que tem despertado as mais diversas opiniões é a questão dos transgêneros. Uma telenovela tem mostrado o drama de uma família que vive tal situação. Muitos usaram as redes sociais para "brincar"  com o fato. Vi postagens como: "sou trans-rico: nasci rico num corpo de pobre". Por favor, isto é sério. Não vamos brincar com a dor do outro. 
Na clínica, deparamo-nos e conhecemos situações difíceis, que somente quem escuta pode avaliar o tamanho do sofrimento pelo qual uma pessoa transpassa. 
São pessoas que  vivem grandes conflitos, inclusive no seio familiar, enfrentando barreiras existentes em si, bem como outras muito maiores na sociedade e na família. Não é nada fácil. Não cabe um juízo de valor sobre o assunto. Não há escolhas. Não há culpados. Não há julgamento a ser feito. Há uma verdade que no mínimo merece o respeito, bastando apenas ler os estudos científicos sobre o assunto. Ninguém gostaria de viver uma situação como essa que já é difícil e, notadamente, quando é agravada pela discriminação. 
Repito: não se trata de aprovar ou não aprovar a realidade do transgênero. Não estamos falando em alternativas, de acordo com a verdade científica. Aliás, o próprio Manual Diagnóstico e Estatístico de Doenças Mentais (DSM- V) registra como Disforia de gênero, que se refere ao descontentamento afetivo/cognitivo de um indivíduo com o gênero designado. Transgênero refere-se ao amplo espectro de indivíduos que, de forma transitória ou persistente, se identificam com um gênero diferente daquele do nascimento. Transexual indica um indivíduo que busca ou que passa por uma transição social de masculino para feminino ou de feminino para masculino, o que, em muitos casos (mas não em todos), envolve também uma transição somática por tratamento hormonal e cirurgia genital (cirurgia de redesignação sexual).
Estamos, portanto, falando de uma verdade que vai muito além de uma possibilidade em ser ou não ser "transgênero". Pois não se trata de uma escolha, como a comunidade científica nos atesta! 
Aos "trans-ricos" que brincaram com essa dor nas redes sociais, fica o meu respeitoso apelo para não brincarem com o que é muito sério. 
Talvez isso baste para sermos mais ricos ou menos pobres de alma. Acima de tudo, respeito pelo outro! 

Texto disponível também em minha coluna UOL: http://vyaestelar.uol.com.br/colunistas/posts/45/karina-simoes

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O que podemos aprender com a morte trágica e prematura de Domingos Montagner?

Disse certa vez o compositor Renato Russo que há muito também nos deixou: “... os bons morrem jovens”.
Por quê? Perguntamo-nos o porquê sempre diante da morte e da finitude da vida.
Perdemos recentemente o ator Domingos Montagner, mas parece mesmo que todos nós perdemos juntos um pouco de nós mesmos, com esse contato de tão longe e tão perto ao mesmo tempo, sobre a morte e o morrer. Esse tema da finitude nos amedronta, nos fascina, nos aproxima do outro, bem como nos distancia literalmente, pois nos incapacita de mantermos o toque, o olhar, a escuta... E é nessa hora que o coração aperta, e a angústia nasce. 
Pensamos que podemos ter o controle de nossa vida. Fazemos planos. Escrevemos metas. Guardamos dinheiro para alguma viagem, por exemplo. E aí, algumas vezes, somos pegos de surpresa pela visita inesperada do “fim” entre nosso começo e meio da vida.
Durante toda a semana, percebi uma comoção diante de tal perda tanto em meus atendimentos clínicos quanto pelas redes sociais. O Domingos representava para muitos brasileiros “o cara do bem”, o homem honesto, o verdadeiro, o palhaço, o ator que começou de baixo, era terno e afetivo, o cara de família. Enfim, ele se tornou o referencial do bem na mídia brasileira. E com isso, todos nós sofremos juntos com a perda do bem contra o mal. Porque parece, muitas vezes, que a morte é o “mal” e, então, se trava uma briga com o bem. Revoltamo-nos quando, a princípio, parece que o mal venceu. Mas nem sempre é assim. Encarar a morte como uma passagem nos acalenta transitoriamente, mas a dor para muitos parece não passar. Entender que a morte não é um castigo. Ela vem, simplesmente vem. Ela chega, simplesmente chega, sem avisar, num mistério divino ou numa expectativa inesperada. Pois, por mais que esperemos a “dona morte” chegar em alguns casos, mesmo assim, ela parece nunca ser esperada, tampouco bem-vinda. 
A correnteza do rio o levou, mas todos os dias lidamos com correntezas na nossa vida. E o grande segredo é mantermos o equilíbrio da canoa da vida nessas correntezas. Essa canoa? Ela é feita de nossas emoções e experiências vividas e acumuladas. 
O tempo de todos nós urge. É hora de pensar, falar e praticar o que realmente importa: o bem! Olhar mais pra dentro de si e aprender também a silenciar quando necessário. Pensar antes de falar em alguns momentos e aquietar a mente e o coração, a alma e o corpo. Não somos nada! Títulos ou bens materiais, arrogância e altivez..., pois, no momento da finitude, tudo perde o sentido... Ou encontra-se o sentido? Esse episódio de Domingos levou o povo a refletir sobre a fragilidade do viver.
Sinta agora, viva emoções agora, fale que ama e equilibre-se nas correntezas da vida! Que tenhamos mais consciência do quão frágeis somos; que julguemos menos as pessoas e possamos compreender mais quem elas são de verdade. Mais perdão, mais amor e mais compreensão!

Disponível também em minha coluna UOL: 
http://www2.uol.com.br/vyaestelar/mulher.htm
Por: Karina Simões Moura de Moura 

@karinamourademoura

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Inveja: você sente?

Falar em inveja parece assustar as pessoas e também gerar um receio no posicionamento de assumir senti-la ou não. Segundo o dicionário Aurélio, a inveja é um desgosto provocado pela felicidade ou prosperidade alheia. Ou também um desejo irrefreável de possuir ou gozar o que é de outrem. Inveja vem do latim invidia que tem relação com a ideia de “ver” (em latim: videre). Já o prefixo in faz menção ao ato invejoso daquele indivíduo que lança um olhar de recusa e ódio aos bens e feitos alheios.

O filósofo Kierkegaard afirma que a inveja é uma admiração que se dissimula, e como sentimento dissimulado deve ser bem destrutivo senti-lo. No entanto, a grande questão da humanidade, no que diz respeito à inveja, é que as pessoas não se reconhecem invejosas. Até porque, como o próprio significado e conceito mostram, é triste e condenável senti-lo. Tomás de Aquino dizia que "a inveja é a tristeza pela felicidade dos outros, exultação pela sua adversidade e aflição pela sua prosperidade". A inveja é de fato um dos grandes males da humanidade.

Entender o sentimento da inveja é importantíssimo para o autoconhecimento, tendo em vista que é uma incapacidade de reconhecer uma falha própria, a dificuldade de aceitar o fracasso, bem como de alegrar-se com a alegria do outro. O que se configura, portanto, como um sentimento muito nefasto e sério. Pois, se alguém não se exulta diante do sucesso e conquistas do outro, isso implica questões internas não resolvidas. Segundo o historiador Leandro Karnal, sentimos inveja de quem está próximo de nós, ou seja, o famoso jargão "a grama do vizinho é mais verde que a minha?!".

Napoleão Bonaparte, líder político, afirmava que “a inveja é um atestado de inferioridade”. É possível se aperceber que o sentimento destrutivo é subjacente à inveja, sendo, portanto, a conquista do outro uma tristeza marcante para o invejoso. Isso denota frustração e ausência de crescimento interior a fim de poder visualizar tanto as próprias virtudes como as belezas e o sucesso inerentes à vida do outro ser.

Vemos, então, que a inveja já foi muito citada por ilustres pensadores, além de ser um dos sete pecados capitais. Mas, um dos escritos de Caio Fernando Abreu revela algo que nos acalenta: “Não choro minhas perdas, nem temo a inveja e o olho gordo que me rodeiam. Sou de Deus, quem não é que se cuide!”.  

 

Por: Karina Simões Moura de Moura @karinamourademoura

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Quantas mulheres cabem dentro de uma mulher?

Percebo cada vez mais no meu privilegiado laboratório pessoal, o consultório, a imensa força da dinâmica da vida feminina ao se cobrar e se sentir cobrada para ser a "mulher-maravilha". Sofremos a influência sim de um mundo regado a cobranças e "perfeições". E, dessa forma, a mulher sofre uma busca interminável por ser a supermulher, a referência, a excelente profissional, a boa filha, a esposa exemplar, a mãe presente e atenciosa, a amiga impecável etc. Quantas expectativas irão ser impostas ao feminino? E até onde toda essa cobrança fará bem a essas mulheres?

Costumo dizer que buscamos ser tantas em uma só. Somos tantas quanto a nossa imaginação e a nossa fantasia nos permitirem, assim como tantas quantas forem as possibilidades existenciais na construção desse ser- mulher, que será sempre uma busca interminável. Segundo Simone Beauvoir,"ninguém nasce mulher: torna-se mulher". E é assim mesmo... Somos uma construção diária social, que se solidifica com base nas nossas experiências de vida e nas nossas relações afetivas e interpessoais com o nosso eu e com os outros!

Dessa forma, as escolhas feitas pelas mulheres em ser mãe e profissional trazem mudanças na dinâmica da vida. Ou seja, a maneira de pensar, de agir, de ser e de se relacionar-se com o outro sofre modificações diante das funções agregadas por ela. Daí, a importância que percebo, diariamente, nas escolhas femininas em ser mãe e profissional ao mesmo tempo, ou mesmo em ser mãe ou não ser mãe? Por que não? Sou mãe e amo essa condição, mas tenho visto com frequência, em meu consultório e fora dele, que essa nova escolha muitas vezes tem pairado sobre a mente feminina. E isso gera cobranças impostas pela sociedade acostumada com vícios sociais de que o ser mãe tem que ser inerente ao ser mulher!

O que constato é que no momento em que as mulheres se sentem mais livres para terem ou não filhos, ou seja, quando ser mãe ou não passa a ser uma escolha livre de cobranças; elas conseguem visualizar que as tarefas maternas não serão fardos, e podem também ser fontes de prazer sem proporcionar uma sensação de falta de autonomia. Pois, muitas mulheres, ao passarem pela experiência de ser mãe de forma imatura, acabam gerando um conflito no qual ela se percebe com falta de autonomia e identidade. Ou seja, ela passa a assumir o papel apenas materno, deixando forçadamente de ser as "outras mulheres" que ela exercia.

O grande desafio das tantas mulheres que todas nós somos é compreender e aceitar alguns de nossos limites e saber lidar, com harmonia e equilíbrio, com cada papel que desempenhamos no decorrer de nossa estrada feminina! Construção... Seremos sempre um caminho em construção!

Por: Karina Simões

Texto disponível também em minha coluna: http://www2.uol.com.br/vyaestelar/mulher.htm

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Aceitação ou mudança é a saída para qualquer crise na vida

Mudanças e dúvidas sempre batem à nossa porta. E muitas vezes perturbam o equilíbrio e até nosso discernimento.
Quando se percebe mudanças a caminho, é preciso estar aberta para enxergá-las e aceitá-las. 

Mudar não é tarefa fácil. E permanecer onde está nos deixa inconscientemente na cômoda zona de conforto. Afinal, somos seres feitos de hábitos, como nos ensinou o psicoterapeuta Barry Michels.

Em meu consultório, costumo orientar que sempre há duas saídas básicas para as crises, sejam existenciais ou não: mudança ou aceitação. Se pensarmos, boa parte de nossas decisões no dia a dia nos coloca nessa encruzilhada: aceitação x mudança.

Mudança

É possível efetivá-la quando vislumbramos a esperança de algo novo, mesmo vinda acompanhada pelo medo do desconhecido. Porém, há a magia e o encantamento do renascimento de um novo dia e de uma nova espera. Mudanças geram resistência e o novo gera insegurança.

Mudanças nos transportam ao autocrescimento, como disse a sábia poetisa e contista Cora Carolina (1889-1985): “... se a gente cresce com os golpes duros da vida, também podemos crescer com os toques suaves da alma”.

Aceitação

Muitas vezes é necessário generosidade e compreensão - inclusive consigo mesma para não sofrer - para poder acolher o outro e aceitar uma situação, na qual a mudança não depende apenas de nós, mas também de uma atitude do outro.

Está muito difícil mudar? Dê um pequeno passo de cada vez.

Pequenos voos nos dão asas e coragem para podermos alçar grandes voos.

O medo nos aprisiona e não nos permite mudar. A coragem e a esperança do novo nos conduzem a uma mobilização pela mudança.

O desconforto e a insegurança fazem parte do processo de viver. A vida e o movimento nem sempre oferecem uma zona de conforto. Portanto, é bom lembrarmo-nos do que o grande filósofo Heráclito (aprox 535 a.C. - 475 a.C.) já nos antecipava com os seus ensinamentos: “Nada é permanente, exceto a mudança”.

 

Disponível em minha coluna: http://www2.uol.com.br/vyaestelar/mulher_coragem_esperanca.htm

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