O que esperar quando se está esperando?

Domingo, véspera da cirurgia do meu pai. Encontro-me em espera.

O que podemos esperar quando se está esperando o tempo?  A espera pela espera apenas é angustiante e muitas vezes devastadora. Mas diante da situação que vivemos hoje com a saúde do meu pai, tenho aprendido lições sobre a espera e o tempo que têm me deixado um legado terno e sábio. Diante de um diagnóstico grave, como um câncer no estômago - o caso do meu pai - ficamos a princípio paralisados e chocados. Lembro-me que assim que recebi a notícia, estava sozinha sentada no meu carro e senti-me anestesiada. Nem as lágrimas conseguiram escoar. Após processar e assimilar a notícia, permiti-me chorar. Chorei e clamei a Deus. Mas confesso, em nenhum momento questionei-o: Por quê?

Desde o princípio, não procurei respostas, mesmo com muitas perguntas insistindo em me perturbar. Eu respondia para meu inconsciente: Acalmem-se, não me importo com vocês. Eu já tenho as respostas. Ter FÉ.

E a única pergunta que eu permiti vir ao meu encontro e ao encontro da consciência foi: Para que todos estão passando por isso? Mesmo sabendo que tudo aqui é uma passagem nossa no universo, eu deixei essa pergunta vir, para crescer na sabedoria do meu sofrer: O que temos a aprender com tudo isso?

Eu precisava de coragem, de força, firmeza e serenidade. Pois estava comigo a responsabilidade de contar a todos a notícia sobre o diagnóstico. Consegui! Aliviada parcialmente, pude ter um choro compartilhado. Recebemos nas redeis sociais: carinho, cumplicidade, correntes de orações e sementes de fé. Sou grata a cada um de vocês que, de alguma forma, vêm ajudando em nosso fortalecimento espiritual e emocional e nessa jornada de fé.

A minha caminhada contra o câncer está apenas começando. Mas, já consegui tirar lições. Aprendi ao ler Nietzsche sobre a temática viver: que quem tem uma razão de viver é capaz de suportar qualquer coisa. E eu tinha e tenho essa razão de viver. Portanto, posso suportar qualquer coisa. E ao perceber isso, o céu se abriu para mim e com um sorriso do tamanho do sol que brilhava, ressoando em meus ouvidos: devemos encontrar um motivo para nos levantar da cama todas as manhãs. O motivo é a fé na cura. E assim, me fortaleci da energia de DEUS e do poder do Universo para continuar conduzindo minha vida e da minha família para frente e com a certeza da cura.

Esperar com fé regada de esperança será sempre uma equação de vitória para a matemática da vida. Uma matemática sempre incerta aos nossos olhos, mas certa aos olhos de Deus. E compreender os propósitos divinos é o nosso grande desafio diário.

Aprendi que aceitação, fé e esperança são o que se espera quando se está esperando.

 

Por: Karina Simões

Siga-me no Twitter: @Psicronicidade

Transtorno Dismórfico Corporal e Vigorexia: uma explicação psicológica

 

As pessoas que sofrem de transtorno dismórfico acreditam que ao mudar a aparência, a felicidade e a sensação de bem-estar virão à tona num passe de mágica. Um erro fatal. Pois, na medida em que vão mudando a aparência, através de intervenções cirúrgicas (plásticas) ou exercícios físicos exagerados, pode-se condicionar um aparecimento de um novo transtorno comórbido - TOC - Transtorno Obsessivo Compulsivo.

O Transtorno Dismórfico Corporal envolve uma percepção distorcida da imagem corporal caracterizada pela excessiva preocupação com um defeito imaginário na aparência ou com um mínimo defeito corporal presente. E tal percepção pode ser imaginária, ou estar baseada em pequenas alterações da aparência, resultando numa reação exagerada e acarretando prejuízos no funcionamento pessoal, familiar, social e profissional.

A vigorexia, também conhecida como síndrome de Adônis, é uma manifestação clínica do Transtorno Dismórfico Corporal. A vigorexia torna os indivíduos obsessivos por atividades físicas. Acomete mais o sexo masculino e pode acarretar problemas sérios como: lesões musculares, insônia, desinteresse sexual com disfunções sexuais graves, irritação, transtornos alimentares etc. O quadro clínico pode evoluir com problemas cardiovasculares, câncer de próstata e diminuição dos testículos.
Sentimentos de inferioridade, desmotivação e depressão são frequentes entre os vigoréxicos

Podemos citar alguns aspectos da personalidade do vigoréxico: buscam uma figura perfeita influenciado por modelos culturais atuais, têm obsessões em ser o melhor, costumam ter baixa autoestima e dificuldade para integrar-se socialmente.

Traçando um paralelo entre a vigorexia e a anorexia, ambos os transtornos com distorção na imagem corporal, identificamos as seguintes informações: os vigoréxicos nunca se acham suficientemente musculosos enquanto que os anoréxicos nunca se acham suficientemente magros. Ambos apresentam distorção da imagem corporal e podem ser considerados quadros patológicos dentro do TDC.

Características comuns da anorexia e da vigorexia:

1. Preocupação exagerada com o corpo;

2. Distorção da imagem corporal;

3. Baixa autoestima;

4. Personalidade introvertida;

5. Fatores socioculturais comuns;

6. Tendência à automedicação;

7.  Idade que o transtorno inicia é na adolescência;

8. Modificações na dieta.

Na anorexia a autoimagem é de obeso. Já na vigorexia o paciente se enxerga fraco. A automedicação é diferenciada também, pois o primeiro faz uso de laxantes e diuréticos; o segundo, de anabolizantes. A anorexia é predominante no sexo feminino, já a vigorexia no sexo masculino.

A vigorexia ainda não se encontra incluída nas classificações do CID 10 ou do DSM-IV. Mas está enquadrada na sintomatologia e comorbididade dos TDC e do TOC.

Ficar alerta aos sintomas e procurar um profissional adequado pra o tratamento é a melhor opção, sabendo que tais transtornos têm tratamento e acompanhamento que apresentam resultados bem-sucedidos.

Lembre-se: fazer exercícios é sempre uma dos melhores caminhos para nosso equilíbrio psíquico. Mas, a grande busca, de todos os seres, é encontrar esse limiar entre o saudável e o obsessivo.

Fique alerta! Cuide-se!

 

Por: Karina Simões

Siga-me no Twitter: @Psicronicidade

 

Data: segunda-feira, 28 de maio de 2012

Entenda a orientação afetiva sexual do seu filho

O primeiro passo para compreender e começar a aceitar a orientação afetiva sexual do seu filho:

1) Buscar informações sobre a sexualidade;
2) Tentar aprender e entender a homossexualidade;
3) Trabalhar em você a aceitação. A mudança não.

Um mito e um erro frequentemente cometidos pelos pais é alegarem, acusando, que a homossexualidade é uma escolha ou uma opção do seu filho. Querendo, assim, que eles mudem "de lado". Portanto, não sendo uma escolha, ou má escolha, como muitos pais mencionam em consultório, não há tratamento psicológico. Visto que a homossexualidade não é um transtorno, nem tão pouco uma doença, como anteriormente era encarada pela medicina.
Hoje, a ciência nos mostra que existem três orientações afetivo-sexuais: heterossexual, homossexual e bissexual.  A sociedade, ainda, apresenta posturas e discursos contraditórios em relação a todo tipo de diversidade. Por isso, ainda há muito preconceito a ser vencido.

Ao receber a notícia sobre seu filho, você poderá sentir: choque, raiva e culpa. Sentimentos comuns sentidos pelos pais, que se questionam, a princípio, onde erraram? Ficam confusos e sem rumo, sem saber por onde começar a reestruturar a relação e o laço familiar. São sentimentos compreensíveis por desmontar uma imagem já construída do filho, e também por pensar na discriminação que ele poderá sentir na sociedade.

E para os pais um alerta: Não se enganem, pois a descoberta da homossexualidade para os seus filhos gera muita angústia para ele. Portanto, a melhor opção é acolhê-lo.

Como oferecer apoio:

1) Aprenda sobre a homossexualidade;
2) Coloque-se no lugar do outro;
3) Procure ajuda de um psicólogo (a) capacitado na área da sexualidade e da família;
4) Lembre-se: Você não escolhe a sexualidade de seu filho. Não é uma opção.


Procure o G A P : Grupo de Apoio Psicológico

Tema Atual: Grupo de Apoio aos Pais de Homossexual

12 encontros, sendo 2 por mês. Com 2h de duração cada encontro.Vamos trabalhar: aceitação, acolhimento, educação sexual e escuta de apoio, dentre outros temas abordados.

Inscrições abertas e vagas limitadas.

Informações: contato@karinasimoes.com.br

Por: Karina Simões @Psicronicidade

Ansiedade: quando ela vira doença?

As pressões, as cobranças e o nosso dia a dia transformam a ansiedade em uma doença. Um sentimento de apreensão desagradável, acompanhado de sensações físicas como: vazio no estômago, sensação de aperto no peito, taquicardia, sudorese, cefaleias e falta de ar caracterizam um quadro de ansiedade elevada.

Mas a ansiedade também é benéfica para nós. Ela é um sinal de alerta, que nos adverte sobre perigos e nos capacita para enfrentamentos de ameaças. Ficar atento aos sinais e sintomas que ela expõe é o melhor caminho para reconhecer o limiar entre o saudável e o patológico. O psiquiatra Dr. Tito Paes Barros do HC da USP, diz que a “ansiedade interfere na percepção que a pessoa tem das mudanças no funcionamento do próprio corpo”.

De acordo com pesquisas feitas (USP), estima-se que uma em quatro pessoas não consiga se desvencilhar do problema e sofra dos efeitos físicos e emocionais da ansiedade. Pessoas ansiosas vão cinco vezes mais a médicos do que os que não sofrem prejuízos com os sintomas da ansiedade. Segundo, ainda, esta pesquisa da USP: 20% das pessoas que vivem em São Paulo convivem com os sintomas ou tiveram algum transtorno de ansiedade. Durante o estágio da ansiedade crônica, o organismo fica em estado de alerta e aumenta a produção de substâncias como a adrenalina. Muitos “supostos” infartos são na verdade ataques de pânico – crises de ansiedade.

O primeiro passo para enfrentar a ansiedade é reconhecer e assumir os sintomas. Em seguida, questione-se: Você já teve prejuízos em algum campo ou momento da vida por causa da ansiedade?
Caso você já tenha sofrido prejuízos em várias áreas do seu funcionamento global, agilize a procura de um profissional capacitado – psicólogo e psiquiatra, para uma melhor avaliação do quadro ansioso. A prática de atividades físicas, pilates ou ioga, ajuda e auxilia demais na evolução do tratamento dos transtornos de ansiedade.

Tratamento: Psicoterapia cognitiva comportamental com técnicas específicas para remissão e controle dos sintomas, associado em muitos casos de psicofarmacologia orientado por um psiquiatra.

Segue abaixo, um breve esclarecimento sobre alguns transtornos de ansiedade para nosso conhecimento:

1. Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG): Uma preocupação excessiva com fatos da vida. Irritabilidade, dificuldade de concentração, fadiga, insônia e dores de cabeça.

2. Transtorno de Pânico: Episódios súbitos e intensos de medos infundados aparentemente. Taquicardia, sudorese, cólica, tonturas, sentimento de morte iminente.

3. Fobia Social: Ansiedade e medo juntos, sem razão aparente, nas quais a pessoa acredita que está sendo observada e julgada. Rubor facial, sudorese, tremores, tensão muscular, confusão mental, taquicardia e mãos frias.

4. Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT): A pessoa deverá ter presenciado ou passado por eventos estressores traumáticos, que acarretaram prejuízos no funcionamento global. Lembra e revive constantemente dos fatos estressantes. Sonha constantemente com o evento, comportamento de sobressaltos, estado de alerta, desenvolvendo, consequentemente, comportamentos destrutivos: beber demais, fumar etc.

5. Fobia Específica: Um medo irracional de um objeto ou situação em que há pouco perigo imediato. Medo de lugar fechado, de elevador, de avião… Há sudorese, taquicardia e dificuldade em respirar.

6. TOC: Presença constante de pensamentos obsessivos e juntamente com a necessidade de realizar alguns rituais para suavizar a ansiedade aparente. Rituais obsessivos de pensamentos intrusivos que podem variar de conteúdo e intensidades. Há sofrimento mental intenso e sintomas físicos também.

Você sente algo parecido com o que foi mencionado acima? Então, procure um profissional capacitado para uma melhor avaliação.

 

Por: Karina Simões @Psicronicidade

A habilidade social afetiva das relações instáveis

 

Habilidade social hoje em dia, é tudo que há. Atualmente, o sucesso das relações sociais e afetivas dependem muito mais da habilidade para interagir com as pessoas do que que a própria oportunidade em si. Mas nem todo mundo tem essa tal habilidade! O que fazer então quando não se tem?

Para começar a se dar bem com o outro, antes é preciso lidar bem consigo mesmo, conhecer seus desejos e anseios mais profundos, suas fraquezas, medos e suas reais necessidades. Um treino de autoconhecimento começa por você mesmo. A socióloga Fátima Motta disse: "Esse movimento interno permite perceber empaticamente quem está ao seu redor e compreender o contexto, o código, a ética das relações, construindo assim um vínculo positivo para todos".

Amar e ser amado é um desejo íntimo de todos nós, desde que nos reconhecemos como seres capazes de sentir. Desejar a exclusividade do amor, é algo também que logo cedo sentimos, ao sair do ventre da mãe e o reconhecimento com o mundo. Daí então, instala-se o ciúme, um desejo de ser único faz parte de nossas vidas nessa busca afetiva.

Saber lidar maduramente com o sentimento de dividir o amor e compreender as várias faces do amor, é muitas vezes, um caminho árduo e cheio de espinhos. Mas se você resolver trilhar esse caminho passando por etapas e aprendizados, saiba que o resultado é promissor e benéfico.

É refletindo sobre nossas próprias ações que tornamos acessível uma nova educação sentimental, reestruturando crenças e cognições afetivas.

Alguns passos estão relacionados abaixo para que possamos treinar nossa habilidade social e afetiva, diariamente:

1. Saber ouvir é o primeiro passo para trilhar e treinar sua habilidade social. Escutar o outro com interesse real e com o olhar focado em quem está falando, essa é uma atitude empática.

2. Cuidado com o tom da fala e do discurso. Ajustar sua linguagem para que combine com o universo que você está interagindo socialmente é fundamental.

3. Gerar empatia requer esforço e sensibilidade. Empatia social é nos colocarmos no lugar do outro. Troque mentalmente de posição social com o outro. Tente sentir-se como ele.

4. Seja coerente e flexível. Ajustar as ações e a fala com flexibilidade e coerência, mantendo o foco em quem você é e nas suas crenças. Tais atitudes ajudam você a conquistar credibilidade e admiração dos outros.

5. Envolver-se com causas e encantar-se com a vida.

Agora, falando em relacionamentos instáveis, os famosos "ioiô", que acabam e voltam num piscar de olhos, os familiares e amigos desse casal comumente tem dificuldade em lidar socialmente com eles. Nunca sabem como abordá-los. Pois, nunca sabem a real situação afetiva do casal.

A imaturidade emocional do casal é uma das características desse relacionamento instável. A baixa tolerância à frustração é outra característica forte presente. O casal que leva a relação assim por um longo tempo, geralmente apresenta uma resistência em lidar com a frustração e passa a não enxergar qualidades no outro na hora da briga ou de uma crise.

O casal deve ficar alerta para que essa relação não se torne uma simbiose doentia. Uma dependência afetiva um do outro, fazendo com que ambos não consigam terminar. E isso é o que move o retorno. Esses casais desenvolvem uma sede por esta emoção que incorporam uma versão dramática do amor nas suas vidas, fazendo desse comportamento "ioiô" um combustível para a paixão perdurar. Como se o convívio tranquilo fosse na verdade tedioso e não saudável para eles.
E prestem atenção: não há um relacionamento pronto ou "enlatado" com receitas e só esperando ser "devorado".

Relações saudáveis são construídas. Como disse certa vez o mestre Içami Tiba: "Quem ama educa". Eu completaria... quem ama escuta também.

 

Por Karina Simões

Siga-me no Twitter: @Psicronicidade

 

Data: segunda-feira, 4 de junho de 2012

Agendar Consulta Fale conosco agora